Brasil: do “ame-o ou deixe-o” ao “visit and love us”
Resumo
Este artigo analisa e compara campanhas e marcas utilizadas para divulgar o Brasil turisticamente desde a criação da Embratur, em 1966, até o retorno do Governo Lula em 2023. A questão central está na mudança da marca-país no Governo Bolsonaro, com o abandono da Marca Brasil, criada no Plano Aquarela, o que evidencia um retrocesso no posicionamento, reforçando estereótipos da imagem turística do país. A pesquisa, de abordagem exploratória e qualitativa, baseou-se em levantamento bibliográfico e documental, utilizando materiais da Embratur, como o manual de identidade visual, e notícias de portais do setor turístico, como o Panrotas. O estudo se fundamenta na Análise Crítica do Discurso – ACD, conforme van Dijk (1999; 2012; 2018), para examinar os impactos das mudanças na marca-país. Os resultados indicam que a marca criada em 2019 apresenta semelhanças com registros da época da ditadura, revelando implicações ideológicas, políticas e culturais. A falta de consulta, a pressa nas decisões e os problemas visuais e gramaticais encontrados apontam para uma abordagem que compromete a qualidade e a legitimidade da marca. A análise sugere que o uso da nova marca pode ter sido guiado por interesses políticos, em vez de uma estratégia planejada e profissional.
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