Cuidados paliativos em pacientes com HIV/Aids internados em um Hospital Universitário

Resumo

Introdução: O maior acesso à terapia antirretroviral (TARV) tem possibilitado aumento na sobrevida de pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA), e a infecção pelo HIV atualmente é considerada condição crônica controlável. A introdução de estratégias como os cuidados paliativos, nesse sentido, faz-se necessária para ampliar o tratamento ou se tornar o foco do cuidado. Objetivo: Descrever características clínicas e sociodemográficas das PVHA com necessidades paliativas identificadas durante internação em um Hospital Universitário na região Centro-Oeste do Brasil. Materiais e métodos: Estudo quantitativo, descritivo, a partir de dados de prontuários. Para a triagem dos participantes foi utilizado o instrumento de identificação de Necessidades Paliativas (NECPAL) ampliado para pacientes com Aids, e para a avaliação de performance, a Palliative Performance Scale (PPS). Resultados: A prevalência de PVHA internadas com necessidades paliativas foi de 14%, com predomínio no gênero masculino, em idade entre 36 e 50 anos e entre os que estavam em abandono ou tratamento irregular do HIV, com contagem de células CD4+ < 200 céls/mm³. A mediana de tempo entre o diagnóstico da infecção pelo HIV e a internação foi 6 anos (mínima zero e maxima 30 anos), sendo 26% diagnosticados na internação. As infecções oportunistas foram as principais causas de internação e o desfecho mais frequente foi óbito (64%). Mais da metade dos pacientes foi avaliada como performance mínima (PPS 10%), com elevada mortalidade. Conclusão: Foram características frequentes das PVHA com necessidades paliativas a imunossupressão grave, o diagnóstico tardio da infecção pelo HIV, o uso irregular ou ausência de TARV, e a indicação tardia de cuidados paliativos.