Intervenções para reduzir a contaminação das amostras das hemoculturas

revisão integrativa

  • Ana Beatriz de Castro Vilalba Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da UFMS
  • Oleci Pereira Frota Enfermeiro. Doutor. Docente de Graduação e Pós-graduação do Instituto Integrado de Saúde da UFMS
  • Marcos Antonio Ferreira Júnior Enfermeiro. Doutor. Docente de Graduação e Pós-graduação do Instituto Integrado de Saúde da UFMS
  • Lorraine dos Santos Ramalho Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da UFMS

Resumo

Introdução: Hemocultura é um exame laboratorial que possibilita o isolamento do patógeno, a determinação do perfil de resistência e a antibioticoterapia guiada. A contaminação das amostras é a principal limitação do exame, cuja prevenção constitui um desafio aos profissionais de saúde. Hemoculturas falso-positivas acarretam interpretações desnecessárias, elevação do tempo de internação hospitalar, das taxas de morbimortalidade, do sofrimento do paciente e seus familiares e da demanda de recursos humanos e materiais, impactando em custos adicionais. A identificação das estratégias cientificamente relevantes para a redução das taxas de contaminação de hemoculturas é etapa primordial para instrumentalizar a prática baseada em evidências e, assim, promover segurança do paciente, otimizar leitos, recursos materiais e humanos e reduzir custos. Objetivo: Analisar as evidências disponíveis na literatura científica sobre as intervenções para reduzir a contaminação de amostras de hemocultura. Método: Revisão integrativa de estudos primários, com adoção da estratégia PICo e seguinte questão norteadora: “Quais as intervenções para reduzir a contaminação de amostras de hemoculturas?”. Foram realizadas buscas nas bases de dados PubMed, BVS ScienceDirect, CINAHL, Scopus e WoS com o uso de um descritor controlado indexado na base de dados Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) “blood culture” e um descritor não controlado “contamina*”. O cruzamento nas bases de dados ocorreu com o uso do operador booleano AND e OR. Foram incluídos estudos primários que abordaram a prevenção à contaminação de hemoculturas, publicados em periódicos científicos e disponíveis eletronicamente. Foram exclusos teses e dissertações, revisões bibliográficas, relatos de caso ou experiência, resenhas, capítulos de livros, opiniões de especialistas, cartas e editoriais. Não foi estabelecida limitação temporal ou idiomática com a finalidade de explorar ao máximo as possíveis publicações sobre o tema proposto. O processo de seleção e inclusão dos artigos seguiu o preconizado no instrumento PRISMA. Para avaliação crítica dos estudos, utilizou-se a classificação do tipo de evidências das pesquisas a partir do referencial do Instituto Joanna Briggs. Resultados: 37 artigos compuseram a amostra, publicados em periódicos internacionais, em inglês, entre 1975 e 2019. Predominaram- se estudos conduzidos em setor de emergência (27,%) e nos Estados Unidos da América (62,2%). Quanto ao Design de pesquisa, obteve-se: estudo quase-experimental (62,2%), ensaio clínico randomizado (24,3%), coorte (2,7%) e estudos transversais observacionais (10,8%). O nível de evidência científica predominante foi III.1 (48,6%). Os desvios mais comuns da técnica de colheita de hemocultura incluem quebra do rigor asséptico, esterilização imprópria, sítio incorreto de punção e volume de sangue inadequado. A maioria dos artigos (51,4%) investigou conjuntamente mais de uma estratégia preventiva à contaminação de hemocultura. Essas foram agrupadas por similaridade e didaticamente discutidas separadamente em seis categorias temáticas, a saber: educação e feedback, implementação de procedimento operacional padrão, kit e procedimentos estéreis, dispositivo inicial de desvio de amostras, equipe de flebotomistas e antisséptico. Conclusão: A maioria das intervenções foram tecnologias leves e multimodais. Além disso, a pesquisa aponta que antissépticos à base de álcool são mais eficazes para reduzir as taxas de contaminação. O alcance de níveis aceitáveis de contaminação de hemocultura é mais dependente do componente humano do que do uso de tecnologias isoladas.

Referências

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Garcia, Robert A., et al. “A National Survey of Interventions and Practices in the Prevention of Blood Culture Contamination and Associated Adverse Health Care Events.” American Journal of Infection Control, vol. 46, no. 5, May 2018, pp. 571–576, https://doi.org/10.1016/j.ajic.2017.11.009.

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Publicado
2023-12-31
Como Citar
DE CASTRO VILALBA, A. B.; PEREIRA FROTA, O.; FERREIRA JÚNIOR, M. A.; DOS SANTOS RAMALHO, L. Intervenções para reduzir a contaminação das amostras das hemoculturas. Perspectivas Experimentais e Clínicas, Inovações Biomédicas e Educação em Saúde (PECIBES), v. 9, n. 2, p. 10, 31 dez. 2023.