Doença de Graves em paciente com hipotireoidismo prévio

  • Joelly Taynara Lapinski Levermann 1Médica residente de Clínica Médica - Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (HUMAP). jolevermann@hotmail.com 3Mestrado em Endocrinologia, docente da Faculdade de Medicina - Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e preceptora do serviço de Endocrinologia e Metabologia Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (HUMAP) 4Médica especialista em Endocrinologia e preceptora do serviço de Endocrinologia e Metabologia Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (HUMAP) 5Doutorado em Endocrinologia, docente da Faculdade de Medicina - Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e preceptora do serviço de Endocrinologia e Metabologia Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (HUMAP)
  • Larissa dos Santos Gomes
  • Ana Carolina Wanderley Xavier
  • Ana Carolina Carli de Freitas
  • Flávia Cristina Carvalho Tortul
  • Clarissa Silva Martins

Resumo

Introdução: A Doença de Graves é uma doença auto-imune, caracterizada por hipertireoidismo, bócio, oftalmopatia, dermopatia proliferativa ou mixedema prá-tibial; elevadas concentrações séricas de anticorpo anti-receptor de TSH (TRAb). A progressão do hipertiroidismo de Graves para tiroidite auto-imune crônica e hipotiroidismo é frequente, mas a ocorrência de hipotiroidismo com posterior hipertiroidismo é rara. Relato de caso: Paciente sexo feminino, 66 anos, há 3 anos com quadro de fadiga e astenia, tendo sido diagnosticada com hipotireoidismo: TSH 50uUI/ml (VR 0,46–4,7), T4L 0,41ng/dl (0,54-1,24),e iniciada reposição com Levotiroxina 75mcg. Após 1 ano de uso, TSH 1,12uUI/ml, T4L 1,13ng/dl, TRAb 1,88U/l (VR<1,75), anti-TPO>1000 U/ml. Após 3 anos em uso da medicação, evoluiu com palpitações, tremores, dispnéia aos mínimos esforços, fraqueza muscular e vertigem. Ao exame físico, assimetria ocular com retração palpebral à direita, e TSH:0,01uUI/ml, T4L:5,19 ng/dl. Suspensa Levotiroxina e iniciado betabloqueador. Solictados autoanticorpos: Anti-TPO 429 U/ml, TRAb 19,99 U/l, Tireoglobulina (Tg) 101,2 ng/ml(VR 1,4-78ng/ml). Ao US de tireóide, glândula com aumento de volume, nódulos hiperecóicos, parcialmente definidos, maior medindo 1,3x0,8 cm em terço inferior direito, aumento difuso da vascularização. Devido Tg elevada, o diagnóstico de tireotoxicose iatrogênica/factícia tornou-se pouco provável, e com TRAb positivo e vascularização glandular aumentada, tornou-se mais provável o diagnóstico de Doença de Graves. Iniciado Tapazol, e, com 2 meses de uso, paciente retorna em ambulatório de Endocrinologia quase assintomática. Discussão:  Na patogênese da Doença de Graves, a autoimunidade e perda da auto-tolerância imunológica são fatores essenciais, e um possível estímulo é a lesão glandular prévia com exposição de auto-antígenos. É possível que a paciente tenha apresentado tireoidite de Hashimoto previamente à Doença de Graves. Inicialmente consideradas como doenças distintas, elas poderiam representar desfechos diferentes de um mesmo processo fisiopatológico. Adicionalmente, os anticorpos anti-receptor de TSH com ação bloqueadora no receptor, e a alternância entre anticorpos ativadores e bloqueadores pode levar à alternância de quadros de hipo e hipertiroidismo.

 Palavras-chave: Tireoide; Doença de graves; Hipotireoismo.

Como Citar
LEVERMANN, J. T. L.; GOMES, L. DOS S.; XAVIER, A. C. W.; DE FREITAS, A. C. C.; CARVALHO TORTUL, F. C.; MARTINS, C. S. Doença de Graves em paciente com hipotireoidismo prévio. Perspectivas Experimentais e Clínicas, Inovações Biomédicas e Educação em Saúde (PECIBES), v. 4, n. 2, 11.