OS DESAFIOS DAS DEMOCRACIAS CONTEMPORÂNEAS
entre o consenso e o dissenso – um debate contemporâneo
Resumo
O texto aqui apresentado tem por principal finalidade abordar a temática das democracias contemporâneas a partir de dois vieses interpretativos fundamentais, a saber, o pensamento de Chantal Mouffe e de Jürgen Habermas. Cada qual aponta seus argumentos sobre o mundo da política por paradigmas de compreensão que, em certos momentos, se aproximam e, em outros, se afastam. Habermas defende o resgate do racionalismo iluminista com o propósito de mostrar que as democracias de nosso tempo devem ser vistas como resultado de uma ética comunicativa consensual em vistas de um sistema jurídico cunhado na solidariedade. Mouffe, por seu turno, aborda que é necessário defender princípios agonistas de ação política que visem, não apenas a conquista de um consenso dado racionalmente, mas principalmente a ritualização do dissenso como força motriz de multipolarização das discussões e debates sobre as democracias. A vida política, diante deste dualismo entre os dois autores, assim se mostra vibrante, multifacetada e manifestadamente conflitiva. É certo que, no decorrer da exposição deste texto, o posicionamento mais favorável ao pensamento de Mouffe será apresentado, contudo, isso não implica em uma exclusão total do pensamento de Habermas. É certo que, para os fins de nosso trabalho, as ideias de Mouffe se mostraram mais adequadas e precisas, mas é importante salientar que o pensamento de Habermas é de fundamental importância para o estabelecimento de um diálogo profícuo e profundo sobre o tema das democracias. Nesse embate, nosso texto se propôs a refletir sobre os dilemas democráticos contemporâneos.
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Referências
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