SEGUNDA NATUREZA EM HEGEL E MARX
Resumo
Para Hegel, o espírito e sua liberdade podem apenas alcançar estabilidade, na medida em que eles formam uma segunda natureza que seja tão firme e estável quanto a primeira natureza. No hábito, as capacidades subjetivas dos indivíduos são objetivadas e assim estabilizadas e automatizadas em uma segunda natureza. O pôr, isto é, o produzir do ser é o segredo da liberdade do espírito, diz Hegel. O precário é que a segunda natureza tem a tendência de negar a liberdade do espírito, porque ela é ainda mais firme e estável que a primeira natureza. Contra esse perigo, o espírito se defende, na medida em que se torna absoluto. A segunda natureza do espírito objetivo é como que uma “pátria precária” dos indivíduos. A interpretação de Marx é diferente. No capitalismo, as relações sociais não caracterizam uma segunda natureza, mas aparecem como uma pseudonatureza, como aparência da natureza. A naturalização ideológica das relações sociais na consciência dos indivíduos é um indício de que essas estão estabelecidas de modo não racional. A segunda natureza, na qual eles poderão encontrar sua pátria, reside em uma sociedade socialista futura.
Downloads
Referências
ADORNO, Theodor W. Die Idee der Naturgeschichte [Ideia da história natural]. In: Gesammelte Schriften 1: Philosophische Frühschriften. Frankfurt am Main: Suhrkamp 1973.
ADORNO, Theodor W. Negative Dialektik. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1970.
ARISTÓTELES. Física I-II. Prefácio, tradução e comentários Lucas Angioni. Editora Unicamp, 2009.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Trad. Mario Da Gama Kury. Brasília: Editora UnB, 1999.
CHAGAS, Eduardo F. O Pensamento de Marx sobre a Subjetividade. In: Revista Dialectus, n. 2, 2013. Disponível em:
<http://periodicos.ufc.br/dialectus/article/view/5116>. Acesso em: 22 maio 2019.
CICERO. Über die Ziele des menschlichen Handelns/De finibus bonorum et malorum (lat./dt.) [Sobre os objetivos do agir humano]. O. Gigon, L. Straume-Zimmermann (Orgs.). München-Zürich 1988.
HABERMAS, Jürgen. Theorie des kommunikativen Handelns. 3a edição. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1985.
HEGEL, G.W.F. Edição alemã de referência: Theorie Werkausgabe. K. Michel, E. Moldenhauer (Orgs.), Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1969-1971. (= TW)
HEGEL, G.W.F. Filosofia do Direito. Tradução Paulo Meneses et al. São Leopoldo/RS: Ed. UNISINOS, 2010. (= FD)
HEGEL, G.W.F. Ciência da Lógica. Vol. 3. Tradução: Christian Iber e Federico Orsini. Petrópolis: Editora Vozes, 2016-2018.
HEGEL, G.W.F. Enciclopédia das Ciências Filosóficas em Compêndio (1830). Tradução de Paulo Meneses, Vol. I. A Ciência da Lógica. São Paulo: Loyola, 1995.
HEGEL, G.W.F. Enciclopédia das Ciências Filosóficas em Compêndio (1830). Tradução de Paulo Meneses, Vol. III. A Filosofia do Espírito. São Paulo: Loyola, 1995.
HONNETH, Axel. Das Recht der Freiheit. Grundriß einer demokratischen Sittlichkeit. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 2011.
IBER, Christian. Elementos da teoria marxiana do capitalismo. Um comentário sobre o livro I de O Capital de Karl Marx. Porto Alegre: Editora Fi, 2013.
IBER, Christian; LARA, Eduardo Garcia; BAVARESCO, Agemir. Teoria da reflexão como alienação em Hegel e Marx. In: Bavaresco, Agemir; Pontel, Evandro; Tauchen, Jair Inácio (Orgs.). De Kant a Hegel. Leituras e atualizações. Porto Alegre: Editora Fi, 2019, 341–364.
KHURANA, Thomas. Das Leben der Freiheit. Form und Wirklichkeit der Autonomie. Berlin: Suhrkamp, 2017.
LANGE, Ernst Michael. “Wertformanalyse, Geldkritik und die Konstitution des Fetischismus bei Marx”. In: Neue Hefte für Philosophie. Cramer, K., Bubner R., Wiehl, R. (Org.). Heft 13. Göttingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1978, 1-44.
LUKÁCS, Georg. Theorie des Romans [Teoria do romance.]. Neuwied: Luchterhand, 1963.
LUKÁCS, Georg. Geschichte und Klassenbewusstsein. Studien über marxistische Dialektik. Neuwied-Berlin 3. Auflage 1967.
MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. Trad. Jesus Ranieri. São Paulo: Boitempo Editorial, 2015.
MARX, Karl. O capital. Crítica da economia política. Livro I: O processo de produção do capital. Trad. Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo Editorial, 2013.
MARX, Karl. Para a Crítica da Economia Política. Trad. José Barata-Moura. Lisboa: Editorial Avante!, 1982.
MENKE, Christoph. Autonomie und Befreiung. Studien zu Hegel. Berlin: Suhrkamp: 2018.
NOVAKOVIC, Andreja. Hegel on Second Nature in Ethical Life. Cambridge University Press, 2017.
PUZIC, Maik. Spiritus sive Consuetudo. Überlegungen zu einer Theorie der zweiten Natur bei Hegel. Würzburg: Königshausen & Neumann 2017.
SCHÄFER, Márcio Egidio. Bürgerliche Gesellschaft und Staat. Zur Rekonstruktion von Marx’ Theorie und Kritik des Staates. München: Königshausen & Neumann, 2018.
SCHILDBACH, Ina. Armut als Unrecht. Zur Aktualität von Hegels Perspektive auf Selbstverwirklichung, Armut und Sozialstaat. Bielefeld: Transcript, 2018.
THEUNISSEN, Michael. Sein und Schein. Die kritische Funktion der Hegelschen Logik. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1978.
Todos os trabalhos que forem aceitos para publicação, após o devido processo avaliativo, serão publicados sob uma licença Creative Commons, na modalidade Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License (CC BY-NC-ND 4.0). Esta licença permite que qualquer pessoa copie e distribua a obra total e derivadas criadas a partir dela, desde que seja dado crédito (atribuição) ao autor / à autora / aos autores / às autoras.