SEGUNDA NATUREZA EM HEGEL E MARX
Résumé
Para Hegel, o espírito e sua liberdade podem apenas alcançar estabilidade, na medida em que eles formam uma segunda natureza que seja tão firme e estável quanto a primeira natureza. No hábito, as capacidades subjetivas dos indivíduos são objetivadas e assim estabilizadas e automatizadas em uma segunda natureza. O pôr, isto é, o produzir do ser é o segredo da liberdade do espírito, diz Hegel. O precário é que a segunda natureza tem a tendência de negar a liberdade do espírito, porque ela é ainda mais firme e estável que a primeira natureza. Contra esse perigo, o espírito se defende, na medida em que se torna absoluto. A segunda natureza do espírito objetivo é como que uma “pátria precária” dos indivíduos. A interpretação de Marx é diferente. No capitalismo, as relações sociais não caracterizam uma segunda natureza, mas aparecem como uma pseudonatureza, como aparência da natureza. A naturalização ideológica das relações sociais na consciência dos indivíduos é um indício de que essas estão estabelecidas de modo não racional. A segunda natureza, na qual eles poderão encontrar sua pátria, reside em uma sociedade socialista futura.
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