SOBRE A “MATÉRIA AFETIVA”

o inconsciente entre a hermenêutica e a fenomenologia

##plugins.pubIds.doi.readerDisplayName##: https://doi.org/10.55028/eleu.v7i13.16709

Résumé

O problema do afeto e da afetividade desempenha um papel importante na psicanálise, tanto no nível teórico como no terapêutico. Na primeira interpretação de Freud acerca dos sintomas histéricos, o afeto é considerado como certa quantidade de energia, que já reflete o seu entrelaçamento aporético com a “realidade” do inconsciente. Por um lado, é verdade que, em sua metapsicologia, Freud identifica o conteúdo do afeto com o instinto, e explica que apenas o representante-representação, não o afeto, é encontrado no nível inconsciente. Isso significa que a afetividade é algo concernente à vida psíquica pré-consciente e consciente. Por outro lado, a existência de uma dimensão “representativa” no inconsciente abre caminho para uma releitura dual ou bifacial dele, para além da constituição biológico-orgânica que Freud atribuiu ao Unbewusst. Para Paul Ricœur, a psicanálise de Freud tem um duplo e irredutível registro teórico-processual, enérgico e hermenêutico; e sua investigação sobre a realidade inconsciente revela o significado e as consequências dessa abordagem dupla/dualista. Uma combinação das abordagens fenomenológica de Husserl e hermenêutica de Ricœur ajuda a encontrar uma “terceira via, mediadora”, na qual o inconsciente pode ser reinterpretado como uma “matéria afetiva”, isto é, uma realidade intermediária situada entre a corporalidade e a não-corporalidade, o corpo e a mente, a causalidade natural e o sentido experiencial/existencial.

##plugins.generic.usageStats.downloads##

##plugins.generic.usageStats.noStats##

Biographie de l'auteur

Vinicio Busacchi, Università degli studi di Cagliari

Ensina Filosofia Teórica na Università degli studi di Cagliari. Ocupa-se principalmente com a Epistemologia das Ciências Humanas e Sociais, Teoria da Psicanálise, Modelos de Identidade e Filosofia Budista.

Références

APEL, K.-O; VON BORMANN, C.; BUBNER, R.; GADAMER, H.-G.; GIEGEL, H. J.; HABERMAS, J. Hermeneutik und Ideologiekritik. Frankfurt: Suhrkamp, 1971.

BION, W. R. Transformation. London: Karnac, 1984.

BUSACCHI, V.; MARTINI, G. L’identità in questione. Milano: Jaca Book, 2020.

LAPLANCHE, J.; PONTALIS, J.-B. Vocabulaire de la psychanalyse. Paris: Presses Universitaires de France, 1967.

RICŒUR, P. Da interpretação. Ensaio sobre Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1977.

RICŒUR, P. De l’interprétation. Essai sur Freud. Paris: Seuil, 2006.

RICŒUR, P. Écrits et conférences 1. Autour de la psychanalyse. Paris: Seuil, 2008.

RICŒUR, P. La mémoire, l’histoire, l’oubli. Paris: Seuil, 2000.

RICŒUR, P. Tempo e narrativa III. São Paulo: Martins Fontes, 2012

RICŒUR, P. Temps et récit III. Paris: Seuil, 1985.

Publiée
2022-09-30
Rubrique
Artigos