CABINE DE NARRATIVAS: INVENTANDO UM PROCESSO DE SER CRIANÇA NA PRODUÇÃO DE UM MANIFESTO PARA AULAS DE MATEMÁTICA

  • Juliana Pudell UFMS

Resumo

Aprender o que as crianças pensam sobre a aprendizagem matemática e como elas se veem neste processo, quais necessidades elas identificam e, consequentemente, o que elas diriam para seus professores de matemática são o que movem este trabalho. Buscamos aqui deslocar a discussão sobre aprendizagens matemática das teorias/práticas/formações de adultos para as falas/movimentos/afetos infantis.

As narrativas das crianças, em idade escolar, abrangendo o Ensino Fundamental 1, perpassarão por nós através de uma cabine de narrativas, assim construiremos um espaço privado e seguro para que as crianças se voluntariem a narrar sobre seu processo de aprendizagem matemática. Pensando em um trabalho que explore a potência da oralidade em QR-Codes ao longo da pesquisa, buscando explorar um tratamento de narrativas que não se prenda aos exercícios de textualização. Sendo assim esta pesquisa será realizada com alunos de uma Escola Municipal, na cidade de Campo Grande – MS.

Vamos ao encontro com a Epistemic Injustice, de Miranda Fricker. Quando ela denomina “injustiça epistêmica”, como sendo um tipo de injustiça vinculada a situações em que se desconfia da palavra do outro de acordo com algum preconceito, por existir o poder da identidade que detém a credibilidade da palavra. Fricker cita também uma “injustiça testemunhal”, que torna a palavra do outro desvalida de poder ou toma alguém como menosimportante por pertencer a determinado grupo sem poder social, como ocorre com as crianças.

Acreditamos que ninguém melhor do que as próprias crianças para nos mostrar seus pontos de vista, seus meneios e expressões. Como indica Chisté e Santos (2019, p 4) “Talvez a busca esteja em suas falas, gestos, jeitos, ou, quem sabe, em seus corpos, movimentos e ritmos, que potencializam o pensamento voltado a temas relacionados à educação”. Vemos a infância como “uma potente manifestação existencial” (CHISTÉ e SANTOS, 2019 P.4).

Precisamos ter uma escuta atenta das crianças para repensar a aprendizagem como processo coletivo de produção de conhecimento. É preciso que elas se sintam parte de um lugar que tenha sentido para elas, para que possam ser atravessadas, modificadas a partir do próprio processo de aprendizagem.

 

Referências

- CHISTÉ, Bianca Santos; SANTOS, Gabriel Tenório – Imagens de crianças: travessias do universo infantil. Educação (Porto Alegre, impresso), v. 38, n. 2, p. 272-279, maio-ago. 2015

 

- CHISTÉ, Bianca Santos; SANTOS, Gabriel Tenório - Se Essa Rua Fosse Minha... Imagens e Infâncias: mapas, rastros e traços do corpo-criança Rev. Bras. Estud. Presença, Porto Alegre, v. 9, n. 4, e76161, 2019.

-FRICKER, Miranda. Epistemic Injustice: Power and the Ethics of Knowing. New York: Oxford University Press, 2007.

- Resenha. FRICKER, Miranda. Epistemic Injustice: Power and the Ethics of Knowing. New York: Oxford University Press, 2027. Tânia Aparecida Kuhnen (UFSC)

 

Publicado
2023-01-30
Seção
Resumo Expandido – Pôster - XVI SESEMAT - 2022