QUE CIDADÃO OS PROJETO INTEGRADOS DE MATEMÁTICA PRETENDEM FORMAR?

  • Everton Melo de Oliveira UFMS/PPGEduMat

Resumo

No decorrer da história da educação nacional, é constante a preocupação de órgãos diretores com a construção de bases gerais para direcionar os currículos da escola básica. As razões para essa preocupação são muitas, normalmente ligadas ao contexto sociopolítico, econômico e educacional, sendo de modo geral necessidades de mudanças vislumbradas por esses órgãos que visam, de algum modo, a democratização da educação e a modernização do ensino.

Neste sentido, com o intuito de direcionar os currículos da educação básica, prevista na Constituição de 1988, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 e no Plano Nacional de Educação de 2014, em 2017, com o então Ministro da Educação Mendonça Filho, a BNCC foi homologada, expressando o compromisso do Estado Brasileiro com a promoção de uma educação integral e desenvolvimento pleno dos estudantes, voltada ao acolhimento com respeito às diferenças, sem discriminação e preconceitos (BNCC, 2017). Dessa forma, conforme definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996), norteará os currículos e propostas pedagógicas de todas as escolas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio, em todo o Brasil. Vale salientar que o método utilizado para essa construção é controverso e duramente criticado, por estudiosos da área.

Ao organizar um currículo, de acordo com Silva (2010), temos que este é resultado de uma seleção dentro de um universo de conhecimentos e saberes, existindo a necessidade de se privilegiar alguns em detrimento de outros. Lopes e Macedo (2011) questionam a necessidade de ao incluir um conteúdo, ter de se excluir outro e afirmam que o movimento que direciona esse processo de escolha, determinando o que deve ou não ser ensinado, se modifica em função das finalidades e do contexto inserido.

Com intuito de atender à BNCC, promovendo a articulação entre as preparações para o mercado de trabalho e para a vida, o currículo passou por adequações, sendo lançadas obras intituladas Projetos Integradores. Tratando temas transversais, essas obras ultrapassam as fronteiras do conteúdo escolar, trazendo em sua construção interesses específicos e relações de poder, ligadas ao contexto sociopolítico, econômico e educacional do momento, evidenciando tanto a sua não neutralidade quanto o poder de interferência na construção do sujeito, em formação. Pois, “os discursos são feitos de signos; mas o que fazem é mais que utilizar esses signos para designar coisas. É esse mais que os tornam irredutíveis à língua e ao ato da fala. É esse mais que é preciso fazer aparecer e que é preciso descrever” (FOUCAULT, 2004, p. 54).

O que faz o poder se manter, que seja aceito, é simplesmente que não pesa somente como uma força que diz não, mas que, de fato, circula, produz coisas, induz ao prazer, forma saber, produz discurso; é preciso considera-lo mais como uma rede produtiva que atravessa todo o corpo social que como uma instância negativa que tem como função reprimir. (FOUCAULT, 1971, p.48).

Com base nas definições de Silva, Lopes e Macedo, quanto ao que vem a ser currículo, e de relações de poder, de acordo com as concepções de Foucault, apontadas tanto na seleção quanto na construção das obras de Projetos Integradores da área de Matemática e Suas Tecnologias, tomando a análise do discurso de Foucault, como base teórico-metodológica de estudo, pretendo investigar as características do currículo presente nos 14 livros desses Projetos Integradores, do PNLD 2021, e discutir as possíveis implicações na formação dos alunos/cidadãos.

Publicado
2023-02-02
Seção
Resumo Expandido – Pôster - XVI SESEMAT - 2022