O LIVRO DIDÁTICO DE MATEMÁTICA COMO MECANISMO DE REPRESENTAÇÃO DA MULHER IDOSA

  • Renata de Moraes Candia Universidade Federal da Grande Dourados

Resumo

A presente pesquisa encontra-se em fase de desenvolvimento no Mestrado de Ensino de Ciências e Matemática na Universidade Federal da Grande Dourados, optamos por trabalhar com o formato multipaper misto, onde estamos escrevendo introdução, três artigos e as considerações finais. Um destes artigos é sobre a forma como a mulher idosa é representada nesses livros didáticos de matemática.

Considerando como fonte de pesquisa o livro didático de matemática da editora Ática escrito por Luiz Roberto Dante do Plano Nacional do Livro Didático – PNLD de 2019, optamos por analisar a obra mais vendida por entender que esta coleção é a que alcançara um número maior de crianças e jovens pelo Brasil, e portanto, possuir maior probabilidade de propor um certo modo de “ver”, docilizar o olhar do sujeito e exercer um governamento com relação a forma normatizada de enxergar a representação do lugar, ou papel reservado a mulher idosa em nossa sociedade.

Para realização desta análise utilizamos a cartografia, Segundo Costa (2014, p. 02) “O cartógrafo, aqui assumido enquanto pesquisador, atua diretamente sobre a matéria a ser cartografada. No entanto, ele nunca sabe de antemão os efeitos e itinerários a serem percorridos”. Consonante com isso nos apoiamos nos conceitos de governamentalidade e cultura da performatividade, pois segundo Veiga-Neto e Saraiva (2011) a governamentalidade é, a forma de criar sujeitos governáveis, docilizando os corpos para que se possa ter o controle das suas ações e a cultura da performatividade  segundo Santos (2019, p. 240) é o, “[...] aperfeiçoamento constante [...]. Nessa racionalidade, o sujeito assume o gerenciamento de sua vida como empresa e, à medida que se torna um empresário de si, é imperativo que busque esse aperfeiçoamento como forma de potencializar seu capital humano”.

 Complementarmente aos conceitos propostos por Foucault (2008), buscamos ampliar nossa compreensão com base nos estudos de Robert Butler, que em 1960 propõe o termo “ageism” para descrever segundo SIQUEIRA-BRITO, FRANÇA, VALETINI (2016. p. 02). “[...] o processo de estereotipar sistematicamente e discriminar pessoas pelo simples fato de elas serem velhas [...]”. Com base neste entendimento nossas análises preliminares apontam para um quadro no qual os livros de matemática apresenta (reforça a imagem) do homem idoso como alguém improdutivo, estereotipando esses sujeitos apenas pela sua idade, já os mais jovens são representados como produtores, como fortes, nos levando a perceber que há a pratica do ageísmo quando os livros de matemática excluem os homens idosos representando-os como alguém ocioso, que já não tem mais o que buscar, ou até mesmo prazeres a se vivenciar.

 

REFERÊNCIAL TEÓRICO

 

COSTA, Luciano Bedin. Cartografia: uma outra forma de pesquisar. Revista Digital do LAV - Santa Maria - vol. 7, n.2, p. 66-77 - mai./ago.2014.

Microfísica do poder. 28. ed. Rio de Janeiro: Graal, 2008.

SANTOS, José Wilson dos. Relações saber-poder: Discursos, Tensões e Estratégias que (re)orientam a constituição do Livro Didático de Matemática. Campo Grande – MS 2019.

SIQUEIRA-BRITO, Andreia da Rocha; FRANÇA, Lucia Helena Freitas Pinho; VALENTINI, Felipe. Análise fatorial confirmatória da Escala de Ageismo no Contexto Organizacional. Universidade Salgado de Oliveira, Niterói-RJ, Brasil. 2016.

VEIGA-NETO, Alfredo. SARAIVA, Karla. Educar como arte de governar. Currículo sem Fronteiras, v.11, n.1, pp.5-13, Jan/Jun 2011.

Publicado
2023-02-02
Seção
Resumo Expandido – Pôster - XVI SESEMAT - 2022