O LIVRO DIDÁTICO DE MATEMÁTICA COMO UM RECURSO PARA A REPRESENTAÇÃO DO HOMEM IDOSO

  • Renata de Moraes Candia Universidade Federal da Grande Dourados
  • José Wilson dos Santos Universidade Federal da Grande Dourados

Resumo

A presente pesquisa encontra-se em fase de desenvolvimento no Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), e tem como objetivo, analisar e descrever a forma como o idoso é representado nos livros didáticos de matemática. Para tanto, tomamos como objeto de análise, livros didáticos de matemática no Ensino Fundamental I e Ensino Médio, adotando como critério de seleção, os livros didáticos de matemática mais vendidos no Plano Nacional do Livro Didático – PNLD do ano de 2019, priorizando o mesmo autor em ambas as coleções. Optamos por analisar a obra mais vendida por entender que esta coleção é a que alcançara um número maior de alunos pelo Brasil, e portanto, possuir maior probabilidade de propor um certo modo de “ver”, docilizar o olhar do sujeito e exercer um governamento com relação a forma normatizada de enxergar a representação do lugar, ou papel reservado ao homem idoso em nossa sociedade.

Para a realização da pesquisa utilizamos uma proposta cartográfica. Segundo COSTA (2014, p.06). “A cartografia não tem um único modo de utilização, não busca estabelecer regras ou caminhos lineares para que se atinja um fim”. Desta forma, a cartografia nos permite a liberdade de percorrer novos caminhos e descobrir novas possibilidades.

Nesse processo, nos apoiamos em dois conceitos foucaultianos, a governamentalidade, entendida segundo Veiga-Neto e Saraiva (2011) como uma a forma de criar sujeitos governáveis, docilizando os corpos para que se possa ter o controle das suas ações, e a cultura da performatividade que segundo Santos (2019, p. 240) se baseia na, “[...] necessidade de um conhecimento amplo e variado de seu campo de atuação, de aperfeiçoamento constante, de superação da concorrência, assumindo as regras do jogo neoliberal, no qual só os melhores sagrar-se-ão vencedores”.

Complementarmente aos conceitos propostos por Foucault (2008), buscamos ampliar nossa compreensão com base nos estudos de Robert Butler, que em 1960 propõe o termo “ageism” para descrever segundo SIQUEIRA-BRITO, FRANÇA, VALETINI (2016. p. 02). “[...] o processo de estereotipar sistematicamente e discriminar pessoas pelo simples fato de elas serem velhas, podendo afetar desde decisões de contratação e demissão até cuidados médicos e política social”. Com base neste entendimento nossas análises preliminares apontam para um quadro no qual os livros de matemática apresenta (reforça a imagem) do homem idoso como alguém improdutivo, estereotipando esses sujeitos apenas pela sua idade, já os mais jovens são representados como produtores, como fortes, nos levando a perceber que há a pratica do ageísmo nesses livros didáticos de matemática.

                                                                                                 

REFERÊNCIAL TEÓRICO

 

COSTA, Luciano Bedin. Cartografia: uma outra forma de pesquisar. Revista Digital do LAV - Santa Maria - vol. 7, n.2, p. 66-77 - mai./ago.2014.

Microfísica do poder. 28. ed. Rio de Janeiro: Graal, 2008.

SANTOS, José Wilson dos. Relações saber-poder: Discursos, Tensões e Estratégias que (re)orientam a constituição do Livro Didático de Matemática. Campo Grande – MS 2019.

SIQUEIRA-BRITO, Andreia da Rocha; FRANÇA, Lucia Helena Freitas Pinho; VALENTINI, Felipe. Análise fatorial confirmatória da Escala de Ageismo no Contexto Organizacional. Universidade Salgado de Oliveira, Niterói-RJ, Brasil. 2016.

VEIGA-NETO, Alfredo. SARAIVA, Karla. Educar como arte de governar. Currículo sem Fronteiras, v.11, n.1, pp.5-13, Jan/Jun 2011.

Publicado
2023-02-02
Seção
Resumo Expandido – Pôster - XVI SESEMAT - 2022