ATRAVESSAMENTOS DIGITAIS

  • Diogo Chadud Milagres Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - IFMS Câmpus Aquidauana

Resumo

O projeto aqui apresentado é fruto de uma investigação sobre a algoritmização das vidas, ou seja, como somos hoje dependentes de tecnologias digitais, cujos dispositivos não são um portal para um novo mundo que podemos já chamar de metaverso. O’ Neil (2016) destaca que o ambiente virtual opera por meio de inúmeros algoritmos, que hoje não são mais fruto somente das opiniões embutidas em códigos, mas são eles mesmos capazes de aprender, de certo modo. Essas máquinas virtuais, chamadas de Inteligência Artificial, acopladas a uma rede imensa de hardware espalhada pelo mundo em imensos bancos de armazenamento de dados, aliando-se a uma velocidade quase instantânea, aprendem a agir segundo algumas instruções, como as Machine Learning. Atualmente há máquinas conhecidas como Deep Learning que são capazes de começarem a treinar sozinhas, melhorando as próprias instruções iniciais. Essas tecnologias, portanto, acabam assumindo a posição de super-humanas, ou nas palavras de Dixon-Román (2016), performam ações mais-que-humanas. Essas ações algorítmicas desvelam um ciclo de repetição e acentuação de diferenças que o autor denominou algo-ritmo, um ritmo danoso trazido por essas máquinas virtuais aprendizes. Termo semelhante aparece em O’ Neil (2016), onde ela observa ciclos perniciosos em algoritmos de reconhecimento de criminosos, sistemas de avaliação docente, entradas de estudantes em universidades e pessoas com créditos imobiliários que não caberiam em seus bolsos. Esses créditos imobiliários, por exemplo, foram ofertados a partir de mercados imobiliários inescrupulosos, cujos algoritmos brigavam por décimos a menos de taxa de juros. Essa facilitação do crédito com pouca garantia de retorno culminou na crise imobiliária de 2008 causando forte impacto mundial. Skovsmose (2021) concorda com O’ Neil, enfatizando que a Matemática sempre esteve envolvida em crises. Apear de explorar três situações de crise envolvendo matemática, o aspecto que aproxima os autores citados, é uma que Skovsmose enfatiza que a matemática pode constituir uma crise, a partir da extensa algoritmização de processos matemáticos simples, desmatematizando-nos. Como referência teórico-metodológica, vamos nos inspirar no conceito de Corpo sem Órgãos, fragmentado em vários excertos das obras a quatro mãos escritas por Deleuze e Guattari. Cada uma de suas perspectivas, nos ensinando a desaprender, a mastigar para regurgitar novas formas, novos rostos, novos corpos e movimentos, vai nos servir para repensar com estudantes do IFMS Câmpus Aquidauana várias perspectivas sobre os usos, limitações, potencialidades e perigos do mundo virtual. Entre as atividades pretendemos produzir narrativas com base em bancos de dados disponíveis na internet, analisar documentários que problematizam o mundo virtual, analisar cenários em que as fake news operam, para detectá-las e se possível identifica-las a partir de sites de checagem de fatos, por exemplo, ou até criarem um agregador de agências de checagem. Ouras atividades podem incluir a área de artes, onde eles podem tentar produzir novas “obras de arte” com base em IA’s desenvolvidas com esse intuito. Um dos projetos que pretendemos nos aprofundar é a paleta de cores, uma possível coleta de dados local para cruzar a cor da pele, a carne, como enfatiza Sylvia Winter apud Dixon-Román, com dados como escolaridade e renda. Enfim, a ideia é mergulhar no mar caótico do mundo virtual e não fazer estudantes inventarem novos softwares, mas se reinventarem com eles.

Biografia do Autor

Diogo Chadud Milagres, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - IFMS Câmpus Aquidauana

Professor EBTT em Matemática

Mestre em Eletrônica e Computação (Telecomunicações) - ITA, 2005.

Lic, Plena em MAtemática - CEUCLAR, 2012.

Bacharel em Engenharia Elétrica - UFMS, 2002.

Publicado
2023-01-25
Seção
Resumo Expandido – Pôster - XVI SESEMAT - 2022