O QUE TEM (OU PODE TER) IMPREGNADO NO SILÊNCIO DO SUJEITO?
Resumo
O uso das Tecnologias Digitais durante o período de Ensino Remoto Emergencial, imposto pela necessidade de isolamento social devido a Pandemia do Covid-19, tornou-se indispensável para vias de contato, comunicação, relação social afetiva e para os processos de ensino e de aprendizagem. Nesse período muitas Tecnologias Digitais tornaram-se indispensáveis e ao mesmo tempo tiveram um alto desenvolvimento, seja de novos recursos ou aprimoração de itens já existentes, como, por exemplo, os recursos gratuitos oferecidos pelo Google. Plataformas como o Google Meet, que antes da pandemia eram pouco utilizadas e conhecidas, tornaram-se um suporte quase que indispensável para as aulas, reuniões e até mesmo para relações pessoais. Hoje, mesmo que não considerando ainda um período pós-pandemia, a utilização desse recurso é extremamente recorrente. Fazer reuniões online se tornou uma forma possível, acessível e prática, principalmente considerando um programa de pós-graduação com alunos vindos de todos os cantos do país. Mas, quais problematizações podemos fazer ao discutir sobre uma reunião online na qual poucos abrem suas câmeras, poucos interagem e há muita presença do silêncio? Diante desse contexto e desses questionamentos, trazemos como problemática: como a Tecnologia Digital pode moldar a ação e a participação efetiva de sujeitos em reuniões online? Essa questão perpassa discussões iniciais que estão sendo desenvolvidas em uma pesquisa de doutorado em andamento. A pesquisa, de caráter qualitativa, foi desenvolvida durante o período de pandemia (2020 a 2022) e teve como sujeitos de pesquisa uma turma de alunos participantes do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) de matemática. Durante esse processo, realizamos o acompanhamento com a turma por dezoito meses, com reuniões todas online via Google Meet, grupos de Whatsapp, Telegram e utilização do Google Sala de Aula para depósito de materiais. Como dados dessa pesquisa, temos entrevistas e relatos dos estudantes, bem como da coordenadora de área do PIBID. Em ambos, a discussão versa sobre a falta dos participantes, a falta da presença real (no sentido participativo). Percebemos que os alunos pibidianos, mesmo reclamando que os alunos da escola não participaram nos grupos criados para atendê-los, tinham postura relativamente semelhante quanto à participação nas reuniões gerais. Desta forma, ainda em vias iniciais, concluímos que a Tecnologia pode moldar situação de presencialidade, de silêncios que muitas vezes escondem problemas de conexão, infraestrutura e condições sociais (desigualdades) e até mesmo a ausência propriamente dita.