CAMPOS CONCEITUAIS DE VERGNAUD: UM INSTRUMENTO PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA NA CONCEPÇÃO INCLUSIVA

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo abordar a teoria dos Campos Conceituais de Vergnaud como um instrumento para desenvolver um ensino de Matemática que contemple a singularidade de cada aluno por meio de situações-problemas que envolvam toda a turma, visando uma educação inclusiva. A pesquisa se iniciou devido ao desafio encontrado por uma escola da rede estadual do município de Três Lagoas de ensinar Matemática por meio de estratégias que contemplem as necessidades formativas de seus alunos. Os saberes dessa área do conhecimento, embora tenham sido construídos historicamente a partir das necessidades humanas, vêm se distanciando da realidade das pessoas, o que faz com que a Matemática seja considerada uma disciplina para poucos – indo na contramão do que se espera de uma escola inclusiva, conforme aponta Autor (2019). É válido ressaltar que a maioria dos sistemas de ensino se apoia em ideais educacionais tradicionais. Faz um nivelamento a partir de notas, rotula e caracteriza os estudantes de acordo com um modelo idealizado de aluno. Entretanto, para a construção de uma escola inclusiva, é necessário se atentar para a singularidade de cada um, sem perder de vista que a coletividade é condição essencial para o ensino. Assim sendo, o docente tem o papel de propor situações que acarretem acessibilidade total aos conteúdos matemáticos, sempre considerando os diferentes tipos de aprendizagem e valorizando os conhecimentos preliminares dos estudantes e seus interesses. De acordo com Echeverría e Pozo (1998), a resolução de problemas, que são situações que não dispõem de um caminho rápido e direto que leve à solução, é uma possibilidade de aproximação de atividades cotidianas dos alunos com conteúdos matemáticos estudados em aula. Nesse contexto, a teoria de Vergnaud apresenta os conhecimentos matemáticos organizados em campos conceituais, sendo estes o campo aditivo e multiplicativo, que podem ser construídos em situações-problema, as quais precisam fazer sentido para o aluno. Esses campos possibilitam a contextualização dos conteúdos, permitem identificar alguns conhecimentos dos estudantes em relação às operações matemáticas, interpretação de texto e outros saberes que envolvem a resolução de problemas. A partir disso, pode-se planejar e desenvolver um ensino de Matemática, onde todos os alunos podem trazer suas contribuições, com base nas suas capacidades e nos seus saberes prévios – uma aula inclusiva. Para isso ser possível, é necessário conhecer os tipos de problemas de cada campo conceitual, a fim de que o professor possa apresentar os diversos tipos de situações aos discentes ou compreender melhor uma determinada questão trazida pelos mesmos. Para Vergnaud (1990), dentre os tipos de situações-problemas que envolvem o campo aditivo estão: transformação positiva e negativa, composição e comparação; já no campo multiplicativo estão: proporcionalidade, multiplicação comparativa, combinatória e configuração retangular. Em contato com situações em que a Matemática se relaciona com questões reais, os alunos podem criar suas estratégias de resolução, individualmente ou em grupo, com orientações do professor sempre que necessário. Todos podem, ainda, refletir sobre os erros no percurso e os apoios necessários para a interpretação do problema e construção da aprendizagem. Ou seja, isso pode ser usado para auxiliar os professores a entenderem melhor as dúvidas dos alunos e, assim, promover um ensino que inclua todos e ajudar na desestigmatização da Matemática.

Publicado
2023-10-26
Seção
Resumo Expandido – Pôster - XVII SESEMAT - 2023