VIVÊNCIAS NA ESCOLA E FORA DA ESCOLA DE PESSOAS COM DISCALCULIA
Resumo
Apresentamos uma pesquisa de Mestrado, ainda em fase inicial, que teve como inspiração o Trabalho de Conclusão de Curso cujo objetivo era “compreender as implicações da Discalculia no processo de ensino e de aprendizagem da Matemática a partir da pesquisa narrativa com o uso de narrativas (auto)biográficas captadas por meio de áudio/vídeo via Google Meet” (RAMIRES, 2022, p. 7). Este estudo trouxe experiências de uma pessoa adulta com Discalculia do Rio Grande do Norte que sofreu com estigmas, assédio e bullying, o que nos leva neste trabalho investigar os processos de ensino e aprendizagem nos espaços escolares e não escolares de pessoas com Discalculia. Cabe dizer que a Discalculia é um transtorno específico de aprendizagem em Matemática de origem neurobiológica que pode estar associado a outros transtornos. Além disso, de acordo com o Associação Americana de Psiquiatria-APA (2015) esse transtorno afeta as habilidades matemáticas, visuoespacial, memorização de números e lugares, a possui graus: leve, moderado e grave, os quais são influenciados pelo tempo que a pessoa demora para ter atendimentos especializado pedagógico, ou receber o laudo. Além de olhar para o ensino e a aprendizagem, pretendemos trazer uma discussão de como é o olhar do modelo médico para essas pessoas que, de acordo com Orrú (2017) “[...] é um vetor catalisador de discapacidades, déficits, ausências, prejuízos, falta de potência, anomalias, rigidez e espectros. É um mecanismo que coisifica, etiqueta, classifica [...]” (p. 21). Neste sentido, apesar de considerarmos importantes as definições que venham de um manual de diagnóstico para a conquista de direitos, não temos o objetivo de etiquetar ou coisificar o ser. Sendo assim, o nosso olhar para as pessoas com Discalculia irá ao encontro com o da Neurodiversidade evidenciando as potencialidades do ser considerando-o não só dentro da escola, mas em todas as vivências que ele tem no cotidiano. A Neurodiversidade é um movimento social que defende a diversidade das formas de pensar e ser, foi iniciada por Judy Synger, além disso, para ela o termo “é simplesmente um sinônimo autoritário para TODA ‘Humanidade’. Somos todos claramente uma parte da Natureza” (tradução nossa). Como escolha metodológica temos a pesquisa narrativa que abre espaço para conhecer a história de alguém, suas potencialidades e o impacto social que é exercido sobre o ser por meio das narrativas. À princípio, faremos entrevistas individuais com adultos e alunos da Educação Básica com roteiro semiestruturado, no entanto, se algum dos responsáveis legais optar por estar junto com o aluno faremos a entrevista de forma coletiva. Contudo, espera-se que este projeto nos mostre as vivências de pessoas com Discalculia e a importância das leis de amparo e de apoio pedagógico estarem em vigência, pois elas afetam os processos do ensino e da aprendizagem escolar e não escolar.