CAMINHANDO SOBRE O PLANO CARTESIANO NO CURRÍCULO ESCOLAR: DA NOOSFERA AO ENSINO
Resumo
Este resumo apresenta os resultados de uma pesquisa desenvolvida nas atividades orientadas de ensino no curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Aquidauana. A ideia começou no início da graduação motivada por inquietações acadêmicas ao pensar no ensino e as dificuldades dos estudantes ao estudar a tabuada. Esse foi o primeiro movimento em direção à pesquisa acadêmica, que por meio de um questionário levantou-se hipóteses. Entretanto, mesmo com algumas informações em mãos e o avanço da graduação, outras ideias surgiram e essa foi deixada de lado não por não achar mais interessante, mas sim por encontrar novas possibilidades na disciplina Prática de Ensino I e o primeiro contato com as teorias da Didática da Matemática. Uma das primeiras teorias que me despertou curiosidade foi a Teoria das Situações Didáticas – TSD (Brousseau, 1986), na qual pude ler nas entrelinhas de uma relação estabelecida por meio de um triângulo - professor, aluno, saber – um meio, um ambiente propício para a aprendizagem permeado por relações que se estabelecem e metodologias que se escolhem ao discutir um objeto matemático. A discussão da TSD nos levou à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), visto que agora é o documento que normatiza o processo de aprendizagem. Ao pensar nas dificuldades na tabuada, fizemos a leitura da BNCC e de uma coleção de livros didáticos do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental para entender a organização desse objeto em cada ano. Observamos que a BNCC não menciona a tabuada e nos livros aparece como conclusão da multiplicação. Assim, um novo objeto matemático foi escolhido aliando o desejo de analisá-lo pensando no ensino em sala de aula e no currículo. Diante do que foi encontrado percebemos que um novo olhar teórico seria necessário, e junto da primeira análise do objeto optamos por nos aprofundar na Teoria Antropológica do Didático (Chevallard, 1991). Um caminho se estabeleceu nesse movimento da teoria aos seus elementos que “conversavam” com o nosso objeto. O estudo da noosfera como uma instância responsável por decidir quais saberes estarão no currículo para serem ensinados, da transposição didática e praxeologia nos permitiu entender o caminho até que o objeto chegue ao currículo e à sala de aula e a escala dos níveis de codeterminação a entender a influência da sociedade, escola e pedagogia na escrita do currículo. Assim, voltamos a pensar e o plano cartesiano foi se estruturando e tornando objeto de pesquisa. Aliado ao estudo da geografia e geometria começamos por tentar entender a importância desse sistema e sua utilização para representar a localização. Pensando no ensino, fizemos a leitura dos Parâmetros Curriculares Nacionais e da BNCC para entender a organização desse objeto em cada ano, apontando as diferenças existentes considerando o contexto social e os referenciais curriculares propostos após a publicação dos documentos. Olhamos coleções de livros didáticos publicadas após a implementação desses documentos na educação e nas avaliações dos guias do Programa Nacional do Livro Didático, cuidando para escolher coleções dos mesmos autores aprovadas nesses dois períodos estudando a organização do objeto no livro e as sugestões do manual do professor. Inferimos que a escala dos níveis de codeterminação (Chevallard, 2002) será um meio de obter respostas sobre como as mudanças na sociedade alteraram o ensino do plano cartesiano e como a escola acompanhou tais mudanças.