UMA HISTÓRIA ESCRITA EM CONJUNTO COM UMA COMUNIDADE CAMPESINA: DA IMPLEMENTAÇÃO A EXTINÇÃO DE UM PÓLO EDUCACIONAL DO CAMPO
Resumo
A pesquisa a que este resumo se refere trata das potências em se trabalhar com uma Comunidade Campesina (específica do Campo, Rural, Campestre, Camponês), tendo como referencial teórico-metodológico a História Oral para produção de uma pesquisa qualitativa. Este texto é, portanto, de um primeiro movimento de pensar os caminhos de uma pesquisa que reconhece a importância da relação dialógica entre pesquisadores e sociedade na produção de narrativas, como propõe Portelli (2016). Assim, intencionamos produzir uma História em conjunto com a Comunidade Campesina, do Assentamento Nova Era, no que se refere às questões de lutas pelo direito à educação com a implementação e extinção de um Polo Educacional do Campo. A escolha por descrever a escola e os processos educacionais como “do Campo”, se justifica por se tratar de uma Comunidade Camponesa que participou de forma ativa dos processos educativos, e as propostas pedagógicas se preocupavam com a Comunidade e com a realidade cultural do Campo. Nesse sentido, não é uma escola “no Campo”, pois se assim fosse, as propostas pedagógicas e currículos da escola no Campo seriam pensadas sem destacar como objetivo principal, a cultura local, ou seja, nada no currículo daria ênfase ao espaço geográfico em que a escola se situa, por isso, a escola está localizada no Campo e não é do Campo. Maia (2021), denota que salas de aulas multisseriadas são na verdade uma alternativa para que seja possível o processo educacional do Campo. A educação do Campo é um direito humano fundamental e necessário, Maia (2021) aponta que, as políticas públicas não são igualmente discutidas para Comunidades Campesinas como é nos grandes centros urbanos. No entretempo de Acampamento ao Assentamento, as lutas da Comunidade tornaram possível um polo educacional do Campo, na qual intencionamos produzir uma História, problematizando sempre que possível o ensino e aprendizagem de matemática. Além disso, propomos nos atentar para entender quais foram os movimentos Sociais/Educacionais dessa Comunidade como Acampados à beira de estradas, e depois, quando Assentados na Comunidade de Assentamento Nova Era. Para desenvolver este trabalho propomos como norteadora a seguinte pergunta: Que História é possível de ser produzida com a Comunidade Campesina, do Assentamento Nova Era (Ponta Porã - MS), quando focamos na implementação e extinção de um polo educacional com salas multisseriadas do Campo? Nesse rumo, concordamos que a História Oral é, segundo Meihy e Holanda (2020), um mecanismo para produção de narrativas por meio de gravadores que servem, no nosso caso, para compreender as expressões oportunizando os movimentos de análises das mudanças sociais da Comunidade do Campo. Com o uso da História Oral é possível produzir narrativas em momento de entrevistas com perguntas abertas que possibilitem aos depoentes, professores, estudantes e pais, falas livres sobre sua história. Portelli (2016), destaca que outras Histórias podem cruzar o objetivo de estudo da pesquisa, é fundamental ter sabedoria de que isso pode acontecer, ao tratar do evento, ele destaca ainda que existem diferentes lugares e significados na vida de cada narrador. Reconhecemos, nesse sentido, que as causas de escolarização na Comunidade é um evento com diferentes lugares e significados para cada sujeito do Assentamento Nova Era. Acampados com letra maiúscula, pois se trata de abordagem educacional que valoriza os indivíduos, particularidades e as especificidades de quem vive nesse ambiente de acampamento.