RELATO DE EXPERIÊNCIA DE PRÁTICAS DE ESTUDO E PESQUISA EM UMA TURMA DE ENSINO MÉDIO
Resumo
Os autores deste relato de experiência participaram de um projeto de ensino de graduação intitulado “Articulações entre aspectos teóricos, pedagógicos e didáticos no ensino de estatística na perspectiva do questionamento do mundo”. Foram 16 encontros presenciais com duração de 2 horas, toda semana, entre os meses de março e julho. Esses encontros aconteceram durante a disciplina de Estágio III do curso de Matemática – Licenciatura da UFMS. Os participantes discutiram sobre o ensino de estatística atual presente nas escolas nos anos finais do ensino fundamental e os paradigmas da visita às obras e do questionamento do mundo (Chevallard, 2013), vivenciando um processo de aprendizagem na posição de aluno durante um dispositivo didático da Teoria Antropológica do Didático (TAD) proposta por Chevallard (1999), o Percurso de Estudo e Pesquisa (PEP). Depois desse primeiro momento, a proposta da formação foi dividir os participantes em grupos para a produção, adaptação e implementação de um PEP de acordo com as condições escolares. Por fim, fizeram a análise desse processo. Neste projeto, os autores planejaram uma proposta de três aulas, com duração de 50 minutos, relacionada ao conteúdo de função do primeiro grau e a implementaram em uma turma de 1º ano do Ensino Médio de uma escola da rede estadual de ensino. O plano de aula consistia em 5 situações-problema, uma para cada grupo da sala, que envolviam o conteúdo. O objetivo era a construção de gráficos de função do primeiro grau e sua interpretação. Os alunos se mostraram muito interessados conforme as situações foram apresentadas. Com isso, as atividades foram desenvolvidas de diferentes modos por cada um dos grupos, pois eram situações diferentes.
Levá-los a descobrir a solução das situações sem ajuda, no primeiro momento, foi um desafio. Se, por via, os alunos não estivessem conseguindo compreender as situações, dicas momentâneas eram apresentadas para a resolução. As aulas ajudaram os alunos na compreensão do conceito de função do primeiro grau, bem como de algumas das situações em que esse conteúdo pode ser aplicado. Essa atividade desenvolvida durante a formação permitiu a reflexão de algumas questões, como: “a atividade implementada na escola pode ser considerada um PEP?”, “quais foram as condições e restrições identificadas para a implementação?” e “como essas podem ser classificadas na escala dos níveis de codeterminação didática?” (Chevallard, 2002). Além disso, discutimos sobre a importância de uma análise a priori das atividades criadas, pois pode ter erros conceituais ou, até mesmo redundância nos seus respectivos enunciados. Na atividade produzida pelos autores, ambos os casos foram identificados e as investigadoras, por meio das discussões nos encontros, pontuaram que essa situação pode ocorrer em sala de aula. As discussões feitas nesta formação permitiram que os participantes refletissem sobre seu papel como professor de matemática, bem como sobre ferramentas tecnológicas utilizadas nessa profissão.