Qual ideologia de gênero?
A emergência de uma teoria religiosa-fundamentalista e seus impactos na democracia
Resumo
Os discursos estão intrinsecamente ligados às relações socioculturais e ideológicas, não existem fora delas e, portanto, não podem ser analisados fora delas. Somos atravessados por formações discursivas que nos constituem como sujeitos. As formações discursivas são conjuntos de discursos atravessados por regimes de verdade que legitimam sistemas institucionais e corporais de dominação e exclusão. A sexualidade é um campo interditado e normalizado por diferentes discursos. Cabe, então, a seguinte indagação: Como operam as formações discursivas, atravessadas pelo discurso religioso-fundamentalista cristão, que interditam e normalizam a sexualidade? Para refletir sobre essa indagação, proponho analisar e desconstruir uma dada formação discursiva atravessada pelos discursos religioso-fundamentalista cristão e político-jurídico: refiro-me à “cruzada” empreendida nas vésperas da aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), em 2014, por deputados conservadores, mobilizados por fundamentalistas cristãos dentro e fora do campo da representação política, contra o que foi definido como “ideologia de gênero”. Esse (pre)conceito gerou ecos que infelizmente permanecem latentes, razão pela qual me proponho a fazer tal análise.
Downloads
Referências
ALVES, Laci Maria Araújo. Família e desafios contemporâneos. A Tribuna: Mato Grosso Digital. Publicado em 24 de junho de 2015. Disponível em: http://www.atribunamt.com.br/2015/06/familia-e-desafios-contemporaneos/
AMORIM, Marilia. Enunciado científico e texto polifônico. In: O pesquisador e seu outro: Bakhtin nas Ciências Humanas. São Paulo: Musa Editora, 2001.
BARTHES, Roland. Aula: aula inaugural da cadeira de Semiologia Literária do Collége de France, pronunciada em 7 de janeiro de 1977. 14 ed. São Paulo: Cultrix, 1977.
BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo I: fatos e mitos. 4 ed. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1970.
BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo II: a experiência vivida. 2 ed. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1967.
BENTO, Berenice. As famílias que habitam “a família”. Sociedade e cultura, Goiânia, v. 15, n. 2, p. 275-283, 2012. DOI: https://doi.org/10.5216/sec.v15i2.22396
BOBBIO, Norberto. Liberalismo e democracia. 6 ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BRASIL. Câmara dos deputados. Projeto de lei PL 6583/2013. Dispõe sobre o Estatuto da Família e dá outras providências. Disponível em: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor= 1174409&filename=Avulso+-PL+6583/2013.
BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. 7 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.
CARVALHO, Adalberto Dias de. Filosofia da educação e contemporaneidade: entre a crise e a esperança. I congresso internacional de Filosofia da Educação de países e comunidades de língua portuguesa: pessoa, sociedade e desenvolvimento: as perspectivas da Filosofia da Educação. Universidade Nove de Julho, São Paulo, 12 p., 2009.
CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. 2 ed. São Paulo: Brasiliense, 2001.
COMENIUS, João Amós. Didáctica magna. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.
COSTA, Marisa Vorraber; SILVEIRA, Rosa Hessel; SOMMER, Luis Henrique. Estudos culturais, educação e pedagogia. Revista Brasileira de Educação, Campinas, n. 23, p. 36-61, 2003.
COSTA, Marisa Vorraber; SILVEIRA, Rosa Hessel; SOMMER, Luis Henrique. Estudos culturais, educação e pedagogia. Revista Brasileira de Educação, Campinas, n. 23, p. 36-61, 2003. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-24782003000200004
CUNHA, Érika Virgílio Rodrigues da; GARSKE, Lindalva Maria Novaes; MARIANO, Carmem Lúcia Sussel; SALGADO, Raquel Gonçalves; SAMPAIO, Paula Faustino; TROVÃO, Flávio Vilas-Bôas. Por que é importante falar de gênero? A Tribuna: Mato Grosso Digital. Publicado em 21 de junho de 2015. Disponível em: http://www.atribunamt.com.br/2015/06/por-que-e-importante-falar-de-genero/
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no Collége de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. 5 ed. São Paulo: Edições Loyola, 1999.
FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. 13 ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.
JUNQUEIRA, Rogério Diniz (org.). Diversidade sexual na educação: problematizações sobre a homofobia nas escolas. Brasília: Ministério da Educação, 2009.
LOURO, Guacira Lopes. Teoria queer: uma política pós-identitária para a educação. Revista estudos feministas, Florianópolis, v.9, n. 2, p. 541-553, 2001. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-026X2001000200012
MISKOLCI, Richard. A teoria queer e a sociologia: o desafio de uma analítica da normalização. Sociologias, Porto Alegre, ano 11, n. 21, p. 150-182, 2009. DOI: https://doi.org/10.1590/S1517-45222009000100008
STAM, Robert. De Bakhtin ao cinema. Bakhtin: da teoria literária à cultura de massa. São Paulo: Ática. 1992.
TONDELLO, Dom Neri José. Nota da CNBB: “ideologia de gênero”. Conferência Nacional dos Bispos do Brasil: Regional Oeste II. Publicado em 6 de junho de 2015. Disponível no site: http://www.diocesederondonopolis.org.br/2015/2015/06/nota-da-cnbb-ideologia-de-genero/
Copyright (c) 2015 albuquerque: revista de história
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Direitos Autorais para artigos publicados neste periódico são todos cedidos à revista. As opinições e pontos de vista presentes nos artigos são de responsabilidade de seus/suas autores/as e não representam, necessariamente, as posições e visões de albuquerque: revista de história.