Corpos (não tão) dóceis

o rock e a juventude “indisciplinada” e “incivilizada”

  • Manoel Ruiz Corrêa Martins Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Palavras-chave: rock, corpos dóceis, processos civilizadores

Resumo

Os corpos da juventude contracultural e roqueira tornaram-se protagonistas nos anos pós-segunda guerra mundial. Galgaram tal posição a despeito da coerção e censura ditadas pelos mecanismos de disciplinarização e processos civilizadores da moderna sociedade ocidental. Nosso artigo intenta discutir tal processo, verificando como os gestos, movimentos e comportamentos dos corpos roqueiros, junto das ideias e representações do rock, instituíram uma via ideal para liberação de tensões sociais acumuladas.

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Biografia do Autor

Manoel Ruiz Corrêa Martins, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

Possui graduação em História pela Faculdade de Ciências e Letras - UNESP, Câmpus de Assis (2017). Atualmente é mestrando pela Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - Unifesp, Câmpus de Guarulhos.

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Publicado
2020-06-29
Como Citar
MARTINS, M. R. C. Corpos (não tão) dóceis. albuquerque: revista de história, v. 12, n. 23, p. 41-56, 29 jun. 2020.