ESTUDO DOS IMPACTOS DO DESASTRE DE MARIANA NA VIDA ACADÊMICA DOS ALUNOS DO IFES ORIUNDOS DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS RIBEIRINHAS DO MÉDIO RIO DOCE
ACESSO, (NÃO) PERMANÊNCIA E ÊXITO
Resumo
O Ifes é uma instituição federal que foi criada a partir da Lei Nº 11.892/2008, com o principal objetivo de: Ofertar educação profissional e tecnológica, como processo educativo e investigativo, em todos os seus níveis e modalidades, sobretudo de nível médio, em sintonia com a consolidação e o fortalecimento dos arranjos produtivos locais, apoiando processos educativos que levem à geração de trabalho e renda. Como Pedagoga dos Cursos da Assessoria Pedagógica da Pró-Reitoria de Ensino do Ifes, percebemos através de incursão pelo Sistema Acadêmico que estranhamente, a partir de 2016, um quantitativo de alunos
originários das Comunidades Ribeirinhas do Médio Rio Doce, descontinuaram os seus cursos, abandonaram, ou trancaram, ou permaneceram, mas não lograram êxito acadêmico. Não pudemos adentrar um estudo aprofundado para responder às questões inquietantes, devido não se tratar apenas de uma ação institucional burocrática. Foi necessário propor uma investigação científica com metodologia, aportes teóricos e todo o cabedal acadêmico apropriado, para adentrar nesse universo das Comunidades Tradicionais e compreender suas dificuldades acadêmicas de continuar seus cursos. Dessa forma, a presente proposta de pesquisa fundamenta-se nessa problemática e busca investigar, se houve impactos, verificar se foram adotadas pelos campi do Ifes, de acordo com sua função social e objetivos, medidas sociais, econômicas e pedagógicas para promover o acesso, a permanência e o êxito desses alunos. Basear-se-á na revisão da literatura existente sobre o tema e na Legislação vigente, criada sobre a temática da Educação para as Comunidades Tradicionais. Destaca-se a relevância desse estudo, primeiramente por se tratar de investigação inédita, e em se tratando de um dos maiores desastres ambientais do Brasil, que prejudicou não somente o ambiente natural, a fauna e flora ao longo do Rio Doce, como também, na vida dos Povos e Comunidades Tradicionais, que têm nesse lócus ambiental, sua s moradias, seus hábitos, seus costumes, suas atividades profissionais, seu sustento. É um processo contraditório que requer o esforço coletivo, envolvendo toda a comunidade acadêmica do Ifes, para que, assim, as ações institucionais se traduzam na ousadia do enfrentamento dos
problemas sociais que ascendem o viés excludente da escola brasileira.
Palavras-chave: Comunidades Tradicionais. Desastre de Mariana. Evasão. Permanência.
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