PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO SUBAQUÁTICO DO CONFLITO NO BAIXO RIO SÃO FRANCISCO: UMA ABORDAGEM ARQUEOLÓGICA SOBRE A HISTÓRIA DE UM RIO

ARCHAEOLOGICAL UNDERWATER HERITAGE OF THE CONFLICT IN THE LOWER SÃO FRANCISCO RIVER: AN ARCHAEOLOGICAL APPROACH ABOUTTHE HISTORY OF A RIVER

Palavras-chave: Conflitos, Arqueologia Histórica, Baixo Rio São Francisco

Resumo

Os efeitos locais de grandes conflitos, como os movimentos de independência, intricados à paisagem cultural, ainda são uma temática pouco explorada na arqueologia brasileira. O presente artigo propõe uma análise da cultura material produzida ao longo do processo histórico de longa duração na região do Baixo Rio São Francisco. A pesquisa visa discutir as possibilidades de interpretação do patrimônio arqueológico subaquático relacionado aos conflitos políticos e confrontos bélicos, que compartilham elementos relevantes, embora relacionados a períodos cronológicos distintos, como a presença estrangeira, motivações coloniais, aspectos econômicos e interesses contraditórios subjacentes às lutas pela independência dos territórios delimitado pelo Velho Chico. A análise se concentra nos reflexos regionais e locais dos tensionamentos promovidos por uma política colonial, durante a guerra luso-holandesa, quanto nos movimentos de independência brasileira, a partir da Revolução Pernambucana de 1817. O estudo envolve contextos arqueológicos, principalmente relacionados a naufrágios identificados na área. Ao investigar o patrimônio arqueológico associado a eventos conflituosos, o objetivo é revelar os gestos e ações repetidas que, ao longo de uma realidade de longa duração, foram silenciados, esquecidos ou até mesmo saqueados. A influência da escola dos Annales na arqueologia oferece uma estrutura analítica que permite que eventos específicos, como naufrágios individuais, sejam usados para interpretar processos culturais mais amplos.

Biografia do Autor

Luis Felipe Freire Dantas Santos, Laboratório de Arqueologia de Ambientes Aquáticos da Universidade Federal de Sergipe

Doutor em Arqueologia, bolsista de pós-doutorado Capes (PDPG-POSDOC) do Programa de Pós-Graduação em Arqueologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Instituto AfrOrigens.

Paulo Fernando Bava de Camargo, Programa de Pós-Graduação em Arqueologia da Universidade Federal de Sergipe

Professor adjunto do magistério público superior, no Departamento de Arqueologia (DARQ) e no Programa de Pós-Graduação em Arqueologia (PROARQ) da Universidade Federal de Sergipe (UFS) desde 2013. Atualmente, coordeno o PROARQ (Gestão 2022-2024). Também realizo eventualmente consultoria em arqueologia de ambientes aquáticos (marítima, náutica/ naval e subaquática). Desenvolvi estágio de pós-doutorado na área de Arqueologia (2014), no Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Tive bolsa de estudos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) para completar essa etapa de formação. O título do relatório produzido é: ?Arqueologia portuária no Brasil: avaliação e proposição de métodos de pesquisa?. O tutor foi P.P.A. Funari. Tenho título de doutor em Arqueologia pelo Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE), da Universidade de São Paulo (USP), em 2009. Para desenvolver essa etapa da minha formação, foi-me concedida bolsa de estudos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O título da tese elaborada é: ?Arqueologia de uma cidade portuária: Cananéia, século XIX-XX?, orientada por M.C.M. Scatamacchia. Obtive título de mestre em Ciências (2002), área de concentração em Arqueologia, no MAE-USP, então subordinado à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Tive bolsa de estudos da FAPESP para completar essa etapa de formação. O título da dissertação produzida é: ?Arqueologia das fortificações oitocentistas da planície costeira Cananéia/ Iguape, SP?, também orientada por M.C.M. Scatamacchia. Graduei-me como bacharel em Ciências Sociais pela FFLCH-USP (1998). Tenho experiência em Arqueologia, nas disciplinas de Arqueologia marítima, portuária, subaquática, náutica/ naval, de ambientes aquáticos, histórica, urbana, industrial, mediterrânica e em Arqueologia preventiva. Atuei por muitos anos no licenciamento arqueológico vinculado ao licenciamento ambiental, prestando serviço para algumas empresas de arqueologia, tais como Zanettini, Documento, Alasca, Rhea, Acervo, dentre outras. Faço parte da Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB) desde 1999.

Referências

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Publicado
2024-10-05