O MUSEU-CASA VÓ IZABEL NAS BATALHAS DA MEMÓRIA NO SERTÃO DE CANUDOS (BA)

THE GRANDMA IZABEL HOUSE MUSEUM IN THE BATTLES OF MEMORY IN THE SERTÃO DE CANUDOS (BA)

Palavras-chave: Guerra de Canudos, história, memória, identidade, patrimônio, nação

Resumo

Este artigo analisa o Museu-Casa Vó Izabel no contexto das batalhas da memória no sertão de Canudos, situando-o como um ícone de uma memória instituinte, que representa a passagem das grandes narrativas da história monumental às histórias do cotidiano e dos testemunhos. A partir da visita in loco e de entrevistas com moradores da cidade de Canudos, percebemos a busca pelo fortalecimento da identidade conselheirista, explicitando a heterogeneidade das memórias coletivas ante ao seu fraco nexo com a história instituída. Ao narrar sua própria história, a cultura do testemunho proporciona, aos vencidos, práticas de inscrição da memória e à cultura de resistência, por meio da experiência individual e coletiva dos objetos familiares e dos despojos da guerra de Canudos. Vinculando-se ao “turismo da memória”, essa iniciativa pode ser considerada um espaço de fruição contra as políticas de esquecimento no Brasil, evidenciando tensões entre o público e o privado, na construção da memória popular. Afinal, os museus são casas de sonho do coletivo da nação.

Biografia do Autor

Antônio Fernando de Araújo Sá, Universidade Federal de Sergipe

Professor Titular do Departamento de História e permanente do Programa de Pós-Graduação
em História, da Universidade Federal de Sergipe. Doutor em História Cultural pela Universidade
de Brasília. Estágio pós-doutoral na Universidade Federal da Bahia (2022-2023).

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Publicado
2024-10-05