Chamada para publicação 2026 — DES-FORMAÇÃO

2025-11-04

O volume de número 32º dos CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS traz como temática para o ano de 2026 o de DES-FORMAÇÃO. Por conseguinte, visando alcançar ampla divulgação em sua chamada, convém contornar, mesmo que de forma sumária, de onde vem e para onde se dirige tal temática, ou mesmo de onde ela se origina e ao mesmo tempo a sustenta enquanto temática interessante e atual nos dias de hoje. Em um primeiro momento, a palavra des-formação, que aqui na proposta ocupa lugar conceitual, advém da expressão “aprender a desaprender, para poder así re-aprender” formulada nos Documentos Indígenas da Universidade Intercultural dos Povos Indígenas do Equador e que, de acordo com Walter Mignolo, serve de base para a formulação de um primeiro passo para se pensar em uma gramática da descolonialidade. Consideremos aqui que a rubrica des-formação é correlata à palavra re-aprender da expressão acima, posto que enquanto o pensamento moderno insistiu à exaustão para que todos aprendêssemos a desaprender, reforçando, assim, a prática deliberadamente criada e sustentada pela epistemologia moderna ocidental, epistemologias outras, como a descolonial, de onde sai a referida expressão, propõem uma des-formação. O que esse conceito, mais do que uma palavra, significa? Significa, antes de mais, que, se, por um lado, tal modo de pensar conceitualmente não rechaça a formação ocidental moderna, por outro lado, só pode se constituir enquanto tal a partir da presença de uma epistemologia outra, como a epistemologia fronteiriça ou descolonial (Mignolo; Anzaldúa). Logo, e bem entendido, não se trata de desconstruir a Formação (ou formações literária, cultural, artística etc.) Moderna, mas de se propor a pensar e, por extensão, teorizar e re-pensar a partir de perspectivas outras que não a estabelecida ocidentalmente de dentro (centro do mundo civilizado) para o resto do mundo (as periferias, as margens, as fronteiras). A opção de se querer pensar a partir de uma teorização assentada na visada da des-formação pode se dar, por exemplo, dos centros hegemônicos do mundo globalizado para as fronteiras, ou até mesmo a partir de como se consolidaram as formações (como a literária) dentro de um país, como o Brasil por exemplo. Em todo e quaisquer casos, deve-se atentar que o começo de uma teorização presidida pela opção de des-formação passa, obrigatoriamente, por engastar esse modo de fazer em uma epistemologia outra que não a moderna, senão apenas e tão somente vai-se desconstruir endossando sua gramática. A prática de um modo de pensar assentado na opção da des-formação é uma forma de assegurar que uma gramática da descolonialidade também tem seu lugar neste mundo. 

 

Recepção de texto: a partir de 01/02/2026

Prazo de submissão: 30/08/2026

Previsão de publicação: 30/11/2026