DES-MEMÓRIAS DE UM MENINO sem passado
Resumo
O presente ensaio objetiva desenvolver o conceito de des-memória a partir do primeiro volume de memórias do crítico literário brasileiro Silviano Santiago, Menino sem passado (2021). Nesse volume, Santiago escreve sobre a primeira parte de sua vida, 1936 – 1948, na interiorana Formiga (MG), o convívio com a tradicional família mineira, a perda da mãe, a vinda da madrasta, a conturbada relação com o pai, as primeiras leituras realizadas em revistas de quadrinhos e o cinema. O ambiente familiar, nesse primeiro momento, é o prisma a partir do qual o crítico escreve e que se desdobra para um contexto mais amplo, o contexto histórico e político nacional. Dessa forma, a escrita ensaística da memória conclama o menino que vivia na interiorana Formiga e que alçava as primeiras letras através da leitura de hqs, o voraz leitor e jovem universitário boêmio e o experiente e renomado professor universitário na área de Literatura. O ensaio estrutura-se a partir de chaves de leituras disponibilizadas por Silviano Santiago ao longo do livro e que reunidas constroem o que chamamos de des-memória. Tal conceito emerge como uma possibilidade outra de escrita memorialística que se contrapõe ao modelo tradicional, isso porque o escritor não segue uma linha temporal reta, mas um texto que evoca idas e vindas da vida do escritor. Para desenvolver o conceito de des-memória, dialogaremos com André Botelho, em “Penetrável esquecimento: estudo para retrato inacabado de Silviano Santiago” (2021), Christina Queiroz, em “Silviano Santiago: o literato cosmopolita” (2020) e Eneida Maria de Souza, em Janelas Indiscretas: ensaios de Crítica Biográfica (2011).
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