PONCIÁ VICÊNCIO E PERRO VIEJO:

reapropriar-se de uma herança ancestral

Resumo

Pode-se inferir a partir de “O encontro de Perro Viejo e Ponciá Vicêncio: memórias cruzadas da escravização”, estudo desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Letras: Linguagens e Representações (PPGL) da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), que “Ponciá Vicêncio” (Cárdenas, 2006) e Perro Viejo (Evaristo, 2017), narrativas repletas de lirismo, condensam estruturas sociais-cognitivas-psíquicas complexas, atravessadas pela misoginia e pelo patriarcalismo. Assinada por Selma Leão (2023), a dissertação que serve de mote para o presente artigo, contrasta representações de memórias afrodescendentes e ancestrais na literatura da autora cubana e da escritora brasileira. Argumento que com sua escritas, essas mulheres, incluindo-se aí Selma Leão, recuperam feridas das violências – físicas e psicológicas – e seus flagrantes requintes de crueldade. Recuperar tem aqui também o sentido de “reestabelecer”, “curar”, “regenerar”, o que não se faz sem reapropriar-se de uma herança ancestral.

Publicado
2024-10-13