O BARROCO LATINO e o olhar contrafeito
Resumo
O Barroco é um dos mais complexos sistemas signicos da arte ocidental. Extravagante, prolixo e dramático como convém a uma arte de gênese religiosa, chegou ás Américas como segunda natureza na ordem da conquista. Veio como arma de dominação metafísica, no projeto sujeição do continente, na sequência do período em que se cristalizava a divisão planetária entre Espanha e Portugal, configurada em Tordesilhas (1494). Esse primeiro embate oficializou-se na medida dos interesses alienígenas, constituindo-se no primeiro trauma civilizatório do continente americano. Criou o estigma de ser a primeira manifestação artística civilizada, um domínio a ser incorporado pelos nativos que já haviam desenvolvido complexos sistemas estéticos, manifestos no trato delicado de narrativas pictóricas e pictográficas, tanto na arte pública quanto no domínio de materiais variados, nos metais preciosos, onde encastoaram a variedade de gemas locais, na madeira, no tecido e na pedra. Os donos da terra esculpiam, nas ilhas do Mar Caribe, os terríveis zemies (1) estátuas de culto em madeira, os peruanos cinzelavam a jade em contornos antropomorfos, demonstrando, na desinteressada expressão artística, a relação intrínseca entre natureza e homem, comum a populações vivendo em estado de natureza. Os da meso América desenvolviam narrativas, observações astronômicas, calendários e formas expressivas relacionadas às classes sociais. Rostos humanos aterradores, disformes e excepcionais na expressão de horror eram produzidos aos montes, na ilha de Hispaniola, em clara demonstração de que a imagem era elemento marcante nas culturas nativas, na praticavam uma arte autóctone, registro material da perpetuação de valores primordiais na organização das estruturas sociais em sua simplicidade diversa.
Referências
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