Escolhas lexicais em manchetes de jornais online em casos de Feminicídio

Lexical choices in online newspaper headlines in cases of feminicide

  • Carlene Ferreira Nunes Salvador Universidade Federal do Pará.
  • Ketelly Rafaelly Bastos Brasil Universidade do Estado do Pará
  • Davi Pereira de Souza Universidade do Estado do Pará
Palavras-chave: Escolha lexical; Manchete de jornal; Ambiente virtual. Feminicídio

Resumo

O objetivo deste artigo consiste em realizar o levantamento de manchetes veiculadas em jornais online que noticiam casos de feminicídio com o intuito de verificar se as escolhas lexicais feitas pelos articulistas de tais periódicos implicam na culpabilidade da vítima ou na amenização dos fatos narrados. Para isso, o arcabouço teórico adotado inclui Biderman (1987; 1998), Zavaglia (2006), Krieger (2006; 2014) e Aragão (2016; 2020), no que concerne ao léxico; Marcuschi (2008) e a funcionalidade do gênero; Radford e Russell (1992) acerca do feminicídio; Recuero (2009) sobre os elementos das redes sociais na internet; Debord (2003) a respeito da espetacularização do ambiente virtual; e Lévy (1996; 1999) no tratamento do discurso veiculado em ambiente virtual e o processo de virtualização e cultura do ciberespaço. A metodologia adotada representa, quanto ao objetivo, um caso de pesquisa exploratória em perspectiva documental conforme Appolinário (2009), e a amostra constituída foi extraída, por meio de capturas de tela, de manchetes de jornais online veiculadas entre os meses de abril e junho de 2019. Os resultados alcançados mostram um total de 23 manchetes, as quais evidenciam parte do processo de construção discursiva adotada por articulistas dos veículos de comunicação sob análise. O processo de análise demonstra que, nos casos coletados, as escolhas lexicais produzem como efeito de sentido a diminuição da culpa masculina em razão da exposição das mulheres que passaram por esse processo fatal.

Biografia do Autor

Carlene Ferreira Nunes Salvador, Universidade Federal do Pará.

Doutora pela Universidade Federal do Pará – UFPA. Docente do Curso de Letras Língua Portuguesa da Universidade Federal Rural da Amazônia

Ketelly Rafaelly Bastos Brasil, Universidade do Estado do Pará

Graduada em Letras Língua Portuguesa pela Universidade do Estado do Pará – UEPA

Davi Pereira de Souza, Universidade do Estado do Pará

Mestre em Letras Estudos Linguísticos pela Universidade Federal do Pará. Professor Substituto da Universidade do Estado do Pará- UEPA

Referências

APPOLINÁRIO, F. Dicionário de metodologia científica: um guia para a produção do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 2009.

ARAGÃO, M. do S. S. de. A fraseologia como marca do léxico regional popular. In: COSTA, D. de S. S.; BENÇAL, D. R. (Orgs.) Nos caminhos do léxico. Campo Grande, MS: Ed. UFMS, 2016.

ARAGÃO, M. do S. S. de. Falares nordestinos: aspectos socioculturais. Acta Semiótica et Lingvistica, João Pessoa, v. 25, n. 1 (2020). Disponível em: www.periodicos.ufpb.br/actas. Acesso em: 19 out. 2020.

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Os gêneros do discurso. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

BRASIL. Lei 13.104, de 9 de março de 2015. Altera o art. 121 do Decreto-Lei 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1º da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, para incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/lei/L13104.htm. Acesso em: 21 jun. 2020.

BIDERMAN, M. T. C. A estruturação do léxico e a organização do conhecimento. Letras de hoje, Porto Alegre, v. 22, n. 4, p. 81-96, dez. 1987.

BIDERMAN, M. T. C. Dimensões da palavra. Filologia e Lingüística Portuguesa, São Paulo, n. 2, p. 81-118, 1998.

DEBORD, G. A Sociedade do Espetáculo. São Paulo: Versão eletrônica produzida pelo Coletivo Periferia, 2003.

KRIEGER, M. G. Lexicografia: o léxico no dicionário. In: SEABRA, M. C. T. C. de. (org.). O léxico em estudo. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2006.

KRIEGER, M. G. Heterogeneidade e dinamismo do léxico: impactos sobre a lexicografia. Confluência, Rio de Janeiro, n. 46, 1. sem. 2014.

LÉVY, Pierre. O Que é Virtual? São Paulo: Editora 34, 1996.

LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.

LUBENOW, Jorge Adriano. Sobre o método do discurso prático na fundamentação da ética do discurso de Jurgen Habermas. Cadernos do Pet Filosofia, Teresina, v.2, n.3, p. 57-70, jan. 2011. Disponível em: https://ojs.ufpi.br/index.php/pet/article/view/583/543. Acesso em: 02 dez. 2019.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P. MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (Org.). Gêneros textuais e ensino. 4. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2008.

MEIRELES, C. O Romanceiro da Inconfidência. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: 2005.

MORAES, R. Uma tempestade de luz: a compreensão possibilitada pela análise textual discursiva. Ciência & Educação, Bauru, v. 9, n. 2, p. 191-211, 2003.

RADFORD, J.; RUSSEL, D. Femicide: The Politics of Woman Killing. New York: Twayne Publisher, 1992. Disponível em: http://www.dianarussell.com/f/femicde%28small%29.pdf. Acesso em: 19 out. 2020.

RECUERO, R. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009.

SEABRA, M. C. T. C. de. (Org.). O léxico em estudo. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2006.

ZAVAGLIA, C. Dicionário e cores. Revista ALFA, São Paulo, v. 50, n. 2, p. 2541, 2006.

Publicado
2020-12-29
Como Citar
Salvador, C. F. N., Brasil, K. R. B., & Souza, D. P. de. (2020). Escolhas lexicais em manchetes de jornais online em casos de Feminicídio. Papéis: Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Estudos De Linguagens - UFMS , 24(Especial), 52-71. Recuperado de https://periodicos.ufms.br/index.php/papeis/article/view/12394
Seção
Artigos - Lexicologia Geral