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ATUALIZAÇÃO necessária no seu cadastro na REVISTA PAPÉIS

2023-07-26

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Edição Atual

v. 29 n. 57 (2025): Mulheres: reflexões discursivas em torno do feminino

As reflexões em torno das mulheres e do que foi sendo construído como feminino têm ensejado teorizações em diversas epistemologias, contudo muito dessa história tornou-se discurso pela palavra do homem (Del Priore, 2012), de forma que foi necessária a irrupção dos movimentos feministas a fim de que “a mulher” pudesse falar por si. Ainda hoje, o feminismo negro (hooks, 2019), por exemplo, nos ensina o quanto, para além da questão de gênero, também é preciso olhar outros marcadores sociais: raça, classe social, geração, orientação sexual, capacitismo. Para dizer dessas especificidades todas que nos atravessam, produzindo formas e níveis de opressão distintos, tem sido mobilizada a noção de interseccionalidade (Crenshaw, 1989; Collins, Bilge, 2020), que engendra novas políticas de sentidos no social, a partir de determinadas condições de produção (Courtine, 2009). No rol dessas relações, os diálogos e os duelos entre teorias e movimentos sociais têm favorecido a emergência de práticas de pesquisa-resistência, pela convocação pelo acionamento de uma dimensão sensível (Haroche, 2008) para o manuseio de exercícios linguageiros situados.

As teorias discursivas, sendo um conjunto heterogêneo de saberes, têm se voltado à análise de objetos linguísticos diversos na relação com temas/pautas emergentes, muitas vezes relacionadas a populações vulnerabilizadas, a fim de produzir práticas que se voltem à intervenção e à transformação social. Nesse sentido, levando em conta a relevância e a multiplicidade da temática, esta chamada pretende reunir estudos, situados nas perspectivas de Michel Pêcheux (2008, 2009) ou de Michel Foucault (2010a; 2010b), que se voltem à análise de objetos discursivos relacionados à mulher e/ou ao feminino.

Serão bem-vindas, portanto, produções em andamento ou já consolidadas que focalizem: a) modos de constituição, formulação e circulação de dizibilidades sobre a mulher e o feminino, em abordagens cujos trajetos temáticos (Maldidier; Guilhaumou, 2014) versem sobre tramas históricas tão caras ao feminino, como discursos sobre maternidade, inserção na política, direitos das mulheres, educação voltada às questões de gênero, violência contra as mulheres, padrões de beleza, presença na mídia, entre outras possibilidades; b) discussões em torno da própria noção do sujeito "mulher", abordando a multiplicidade de possibilidades de constituição desse lugar discursivo, ao considerar mulheres negras, indígenas, deficientes, cis e transexuais, lésbicas, bissexuais, etc.

A chamada pretende constituir-se, portanto, como lugar de encontro de investigações teóricas ou empíricas que se voltem a discutir a discursivização das mulheres e do feminino, a partir da Análise de Discurso materialista ou dos Estudos Discursivos Foucaultianos, de modo a materializar recortes distintos dentro desse tema e enfoque teórico que façam avançar as metodologias teórico-analíticas no campo discursivo. Espera-se que a reunião das submissões permita compreendermos como diferentes dispositivos funcionam na composição de um lugar discursivo para as mulheres e o quanto isso tem se materializado nas pesquisas e materialidades discursivas heterogêneas atualmente.

Referências:

COLLINS, Patricia Hill; BILGE, Sirma.  InterseccionalidadeTrad Rane Souza. São Paulo: Boitempo, 2020.

COURTINE, Jean Jacques. Análise do discurso político: o discurso comunista endereçado aos cristãos. São Carlos: EdUFSCar, 2009.

CRENSHAW, Kimberlé. Demarginalizing the Intersection of Race and Sex: a Black Feminist Critique of Antidiscrimination Doctrine, Feminist Theory and Antiracist Politcs. University of Chicago Legal Forum, n.1, 1989, p. 139-167. Disponível em: <https://chicagounbound.uchicago.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1052&context=uclf>. Acesso em: 01 jul.2024.

DEL PRIORE, Mary. História das Mulheres no Brasil.10 ed. São Paulo: Contexto, 2012.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. 20. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2010a.

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Trad. Luiz Felipe Baeta Neves. 7. ed.

Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2010b.

GUILHAUMOU, Jacques; MALDIDIER, Denise. Efeitos do arquivo. A análise do discurso no lado da história. In: ORLANDI, Eni. (Org.). Gestos de leitura: da história no discurso. 4ª. Ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2014, p. 169-191.

HAROCHE, Claudine. A condição sensível: formas e maneiras de ver no Ocidente. Trad. De Jacy Alves de Seixas e Vera Avellar Ribeiro. Rio de Janeiro: Contra Capa, 2008.

HOOKS, bell. Teoria feminista: da margem ao centro. Trad. Rainer Patriota. São Paulo: Perspectiva, 2019.

PÊCHEUX, M. O discurso: estrutura ou acontecimento. 5 ed. Trad. Eni Puccinelli Orlandi. Campinas SP: Pontes Editores, 2008.

PÊCHEUX, M [1975]. Semântica e Discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. 4. ed. Campinas: Pontes, 2009.

 

Organizadoras: Dra. Elaine de Moraes Santos (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS) e Dra. Kátia Alexsandra dos Santos (Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO)

 

Obra da capa da Papéis, v. 29, n. 57, 2025

Artista: Juliana Couto Trujillo
Título: Origem
Técnica: Aquarela sobre papel
Suporte: Papel 300 g/m2 100% algodão
Tamanho: 30cm x 30cm
Ano: 2025

 

 

Publicado: 2025-05-12

Artigos - Linguística e Semiótica

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