Expansão lexical em Libras no contexto do coronavírus
Lexical expansion in Libras in the context of coronavirus
Resumo
O presente artigo versa sobre a expansão lexical da Língua Brasileira de Sinais – Libras, a partir da análise de ocorrências neológicas emergentes no contexto da pandemia, decorrente do Novo Coronavírus, e tem o propósito de descrever os processos inerentes à criação dos referidos sinais. Os dados, coletados em 4 vídeos oficiais do Ministério da Saúde e 1 vídeo da TV Cultura (YouTube), foram armazenados em Fichas Lexicográfico-Neológicas e analisados segundo a estrutura fonológica, a estrutura morfológica e a iconicidade. A fundamentação teórica está ancorada nos estudos de Quadros e Karnopp (2004), Alves (1994; 2007), Quadros (2019), Taub (2001), Perniss (2007) e Sousa (2019). Foram selecionados os seguintes sinais: CORONAVÍRUS, ÁLCOOL EM GEL, ISOLAMENTO DOMICILIAR, CIRCULAÇÃO DE PESSOAS e PANDEMIA. Esses sinais apresentaram formações simples (CORONAVÍRUS, CIRCULAÇÃO DE PESSOAS e PANDEMIA) e compostas (ÁLCOOL EM GEL e ISOLAMENTO DOMICILIAR). As características icônicas mostraram como a experiência visual do surdo se projeta nos articuladores a partir da forma esquemática do referente prototípico, com base em uma combinação de parâmetros, cujas configurações de mãos e movimentos, na maioria das vezes, representam os aspectos mais relevantes na codificação do item lexical. O estudo destacou, ainda, a relação entre iconicidade e metáfora na criação dos novos itens lexicais.
Referências
ALVES, Ieda Maria. Neologia e níveis de análise linguística. In: ISQUERDO, Aparecida Negri; ALVES, Ieda Maria (Orgs.). As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia, terminologia III. Campo Grande: Ed. UFMS, 2007. p. 77-92.
ALVES, Ieda Maria. Neologismo. Criação lexical. São Paulo: Ática, 1994.
ARONOFF, Mark; MEIR, Irit; SANDLER, Wendy. The paradoxo of sign language morphology. Language, Michigan, v. 81, n. 2, p. 301-344, 2005.
BRASIL. Decreto nº 5.626. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a língua brasileira de sinais – libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098 de 19 de dezembro de 2000. Diário Oficial de União, Brasília, 2005.
BRASIL. Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção de acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. Diário Oficial de União, Brasília, 2000.
BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a língua brasileira de sinais e dá outras providências. Diário Oficial de União, Brasília, 2002.
BRASIL. Portaria 310 de 27 de 2 de dezembro de 2004. Ministérios das Comunicações. Norma Complementar nº 01/2006 – Recursos de acessibilidade, para pessoas com deficiência, na programação veiculada nos serviços de radiodifusão de sons e imagens de retransmissão de televisão. Disponível em: https://www.anatel.gov.br/legislacao/normas-do-mc/442-portaria-310. Acesso em: 16 jun. 2019.
BATTINSON, R. Lexical Borrowing in American Sign Language. Silver Spring: Linstok Press, 1978.
CORREIA, Margarita; ALMEIDA, Gladis Maria de Barcellos. Neologia em Português. São Paulo: Parábola Editorial, 2012.
MARONEZE, Bruno Oliveira; ALVES, Ieda Maria. Neologismos formados pelos sufixos -ção, -mento e -agem no português do Brasil. In: ISQUERDO, Aparecida Negri; FINATTO, Maria José Bocorny (Orgs.). As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia, terminologia III. Campo Grande: Ed. UFMS, 2010. p. 95-112.
MEDEIROS, Eduardo Alexandrino Servolo. Desafios para o enfrentamento da pandemia Covid-19 em hospitais universitários. Revista Paulista de Pediatria, São Paulo, v. 38, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1984-0462/2020/38/2020086. Acesso em: 13 jun. 2020.
PERNISS, Pamela. Space and iconicity in German Sign Language (DGS). 2007. Disponível em: http://hdl.handle.net/2066/30937. Acesso em: 5 maio 2020.
QUADROS, Ronice Müller de. Libras. São Paulo: Parábola Editorial, 2019.
QUADROS, Ronice Müller de. Língua de herança: Língua Brasileira de Sinais. Porto Alegre: Penso, 2017.
QUADROS, Ronice Müller de; KARNOPP, Lodenir. Língua de Sinais Brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre: Artmed, 2004.
SANTOS, Hadassa Rodrigues. Processos de expansão lexical da Libras no ambiente acadêmico. 2017. Dissertação (Mestrado em Linguística e Língua Portuguesa) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, PUC Minas, Belo Horizonte, 2017.
SOUSA, Alexandre Melo de.; LIMA, Israel Queiroz de.; SANTOS JUNIOR, João Renato dos. Libras e acessibilidade em vídeos para surdos: discussões e diretrizes. Revista Philologus, Rio de Janeiro, v. 1, n. 74, p. 221-232, 2019.
SOUSA, Alexandre Melo de. Toponímia em Libras. 2019. Relatório (Pós-Doutorado em Linguística Aplicada/Libras) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2019.
SOUZA JÚNIOR, Fábio Vieira de. Neologismos em Libras: identificação e análise de novos sinais a partir de um canal do Youtube. 2018. Dissertação (Mestrado em Estudos da Linguagem) – Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2018.
STOKOE, William. Sign Language Structure: an outline os the visual communication systems of the american deaf. Journal of deaf studies and deaf education, Oxford, v. 10, n. 1, p. 3-37, 2005.
TAUB, Sarah F. Language from the body: iconicity and metaphor in American Sign Language. Cambridge: Cambridge University Press, 2001.
TRASK, Robert Lawrence. Dicionário de linguagem e linguística. São Paulo: Contexto, 2004.
Copyright (c) 2020 Papéis: Revista do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens - UFMS
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.