FORMAÇÃO NEOLÓGICA E O MITO: ESBOÇANDO CORRELAÇÕES SEMÂNTICAS EM MẼBÊNGÔKRÉ (KAYAPÓ)

  • MICHELLY MACHADO Universidade Federal do Pará
Palavras-chave: Formação neológica; Mito; Língua Mebêngôkre; Kayapó.

Resumo

Neste artigo viso esboçar como o mito Pai dos Pássaros, coletada por Thomson (1981), no livro Me Bakukamã-re’ã Ujarenh-neja: lendas Kayapó, relaciona-se com o conceito semântico da formação neológica màtkà ‘avião’ na língua Mẽbêngôkré (Kayapó). O léxico màtkà é estruturado a partir de elementos gramaticais já existentes no Mẽbêngôkré e nas percepções de mundo que orientam os Menkrãgnoti-Kayapó. Sugere-se que o mito e o neologismo apresentam correlações semânticas que se ligam entre si e ligam o passado ao presente através da linguagem. São interpretações de eventos pretéritos salvaguardados na língua, na cosmologia e no léxico Kayapó.

Referências

ALVES, I. M. A observação sistemática da neologia lexical: subsídios para o estudo do léxico. Alfa, São Paulo, 50 (2), 2006.
BIDERMAN, M. T. C. Terminologia e lexicografia. Tradterm, 7, 2001
CABRAL, R. R. Corpografias Mẽbêngôkré – Identidade e processo criativo no corpo artístico-etno-pesquisador. Anais Eletrônico – ABRACE, Associação brasileira de pesquisa e pós-graduação em artes cênicas. v. 18, n. 1. 2017. Disponível em: http://www.publionline.iar.unicamp.br/index.php/abrace/article/view/1023/0.
CARNEIRO DA CUNHA, M.; CESARINO, P. N. Políticas culturais e povos indígenas. São Paulo: Cultura acadêmica, 2014.
DIOCESE DE SANTÍSSIMA CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA. Cem anos da Diocese em Missão. Diálogo, anúncio, serviço e testemunho de comunhão. Conceição do Araguaia, 2008
DOURADO, L. Aspectos morfossintáticos da língua Panará. Tese (Doutorado) - Universidade Estadual de Campinas: Campinas, 2001.
DURANTI, A. Linguistic Anthropology. Cambridge: Cambridge University Press, 1997.
GIVÓN, T. Sintax: An Introduction. Vol. I. John Benjamins Publishing Company. Amsterdam, Philadelphia. 2001.
LÉVI-STRAUSS, C. Mito e significado. Tradução de Antonio Marques Bessa. Lisboa: Edições 70, 1978.
LÉVI-STRAUSS, C. O cru e o cozido. Mitológicas 1. São Paulo, CosacNaify, 2004.
MACHADO, M. S. O pensamento das moscas e o Jupiter para os kayapó: refletindo sobre narrativas e as interações entre humanos e mais-que-humanos nas redes sociais. Revista Tabuleiro de Letras / Programa de Pós-Graduação em Estudo de Linguagens – PPGEL-UNEB. v. 16 n. 1 (jun. 2022) – Salvador: UNEB; 2022.
MACHADO, M. S. Processo de formação de novas categorias conceituais e as agências linguísticas dos Mẽbêngôkre Kayapó (Família Jê) (Dissertação de mestrado). Programa de Pós-graduação em Diversidade Sociocultural, Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, PA, Brasil, 2022.

MEKRANGNOTI, Bep. Entrevistadora: Autora. Belém, 2021. arquivo mp3 (06 min) via WhatsApp. [06/2019].
METUKTIRE, O. Textos avulsos. Mato Grosso. Arquivo doc. Via Facebook, 2020.
MIRANDA, M. G. Morfologia e Morfossintaxe da Língua Krahô (Família Jê, Tronco Macro-Jê). Tese (doutorado) - Universidade de Brasília, Instituto de Letras. Programa de Pós-Graduação em Linguística, 2014.
MIRANDA, M.; BORGES, Águeda Aparecida da Cruz; SANTANA, Áurea Cavalcante; SOUSA, Suseile Andrade. Línguas e culturas Macro-Jê. Barra do Garças, MT: GEDELLI/UFMT, 2020.
MORIM DE LIMA, A. G. “Brotou batata para mim” Cultivo, gênero e ritual entre os Krahô (TO, Brasil). Rio de Janeiro. Tese (doutorado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia, 2016.
NIKULIN, Andrey. Proto-Macro-Jê: um estudo reconstrutivo. Tese (Doutorado — Doutorado em Linguística) — Universidade de Brasília, 2020.
OLIVEIRA, A. M. P. P.; ISQUERDO, A. N. (orgs.). As ciências do léxico: lexicologia, lexicografia, terminologia. 2. ed. Campo Grande: Editora UFMS, 2001.
POSEY, D. A. A ciência dos Mẽbêngôkre: alternativas contra a destruição. Belém, Museu Paraense, Emílio Goeldi, 1987.
RODRIGUES, A. D. Ge-Pano-Carib x Jê-Tupí-Karíb: sobre relaciones lingüísticas prehistóricas en Sudamérica. In: I CONGRESO DE LENGUAS INDÍGENAS DE SUDAMÉRICA. Actas I Congreso de Lenguas Indígenas de Sudamérica. Lima: Universidad Ricardo Palma, v. 1. 1999.
SALA, A. M. Ensaio da gramática Kayapó. Revista do Museu Paulista, São Paulo: “Diário Official”, 1920. Disponível na Biblioteca Digital Curt Nimuendaju: http://biblio.etnolinguistica.org.
SALANOVA, A. P.; NIKULIN, Andrey. A história que conta o léxico Mẽbêngôkre. Dossiê Temático: Para a década das línguas indígenas, Sinop, v. 13, n. 33, nov, 2020.
SCHACHTER, P. & SHOPEN, T. Parts-of-speech systems. In: SHOPEN, T. (Org.) Language typology and syntactic description. Cambridge: Cambridge University Press. vols. I. 2007.
SILVA DA COSTA, Lucivaldo. Uma descrição gramatical da língua Xikrín do Cateté (família Jê, tronco Macro-Jê). Brasília, 2015. Tese (Doutorado - Doutorado em Linguística) - Universidade de Brasília, 2015.
THOMSON, R. O Pai dos Pássaros. Me Bakukamã-re’ã Ujarenh-neja: lendas Kayapó. Summer Institute of Linguistics, 1981.
TRONCARELLI, Maria Cristina Cabral. (Org.). Meprire Kute Mebengokre Kaben mari kadjy ã’pi’ôk neja – Livro de alfabetização na língua Mebengokre. Tucumã-PA: Associação Floresta Protegida. 2015.
TURNER, T. Os Mebengokre Kayapó: história e mudança social, de comunidades autônomas para a coexistência interétnica. In: CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, Secretaria Municipal da Cultura, FAPESP, 1992.
Publicado
2023-06-22
Como Citar
MACHADO, M. (2023). FORMAÇÃO NEOLÓGICA E O MITO: ESBOÇANDO CORRELAÇÕES SEMÂNTICAS EM MẼBÊNGÔKRÉ (KAYAPÓ). Papéis: Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Estudos De Linguagens - UFMS , 27(53), 41-64. Recuperado de https://periodicos.ufms.br/index.php/papeis/article/view/18621