A dolorosa raiz do micondó:
revelação deste mundo, criação de outro (arquipélago)-mundo
Resumo
Conceição Lima empreende uma travessia, passagem metafísica – que só é possível a partir da linguagem literária –, no âmbito de uma viagem em torno da construção de uma nova “narrativa nacional” ou “narrativa de sentidos” (utilizo as expressões consagradas por Stuart Hall (2003), Benedict Anderson (2005), Hommi Bhabha (1998) – relendo Anderson –, adotadas por Edward Said (2005), que me parecem unânimes em adotar a expressão “narrativa”, muito embora com olhares diversos, mas que se complementam) e de uma perspectiva claramente subjetiva e íntima, também refletida ou projetada no sujeito lírico, pois, como postula Bachelard (1989, p. 8), “O indivíduo não é a soma de suas impressões gerais, é a soma de suas impressões singulares” e segue: “Se quero estudar a vida das imagens da água [por exemplo], preciso, portanto, devolver ao rio e às fontes de minha terra seu papel principal.” (Grifos meus). Ou, ainda, como bem afirma Ronaldo Lima Lins (2017, p. 174) acerca do advento do intimismo, “A História, digamos assim, individualizou-se, mais arqueologia do que interpretação ou bússola para os nossos movimentos. No item do intimismo, aparece mais como ponto de interrogação (entre as muitas que acometem o solitário) do que como revelação (...)”. Este é o caminho que pretendo trilhar no ensaio ora apresentado.
Referências
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