O corpo feminino em (dis)curso:
a boa forma e o corpo-mercadoria no jornal JÀ
Resumo
As reflexões em torno do feminino frequentemente foram e ainda são produzidas pelo olhar masculino. O jornal JÁ da Paraíba não se distancia dessa afirmação, como mídia impressa essa reproduz discursos de ordens variadas sobre o corpo feminino[1]. Nesse sentido, objetivou-se analisar os modos de reprodução discursiva que esta mídia paraibana adotava para se referir ao corpo feminino. Para evidenciar essa discursivização, nos apropriamos de uma abordagem qualitativa (Bauer; Gaskell, 2017) e o método de abordagem conceitual e teorético pela Análise de Discurso foucaultiana (Foucault, 1988; 1996; 1998; 2008; 2014), operando a noção de enunciado como articulador das categorias corpo, mercadoria e espetáculo. Como resultados configuraram-se as categorias de análise: boa forma e corpo-mercadoria. Concluiu-se que o jornal JÁ reproduz discursos sobre o corpo feminino que foram constituídos anteriormente à sua veiculação, pois estabelece seus dizeres a partir do reservatório discursivo que condiciona o corpo da mulher na posição de desejada, mas não de desejante, além disso, localiza o corpo feminino na posição de mercadoria com medidas, peso e valor estabelecidos pelas regras do verdadeiro da época.
[1] Este artigo é uma adaptação ampliada, atualizada e corrigida dos resultados encontrados na produção de uma Dissertação no mestrado em Estudos da Mídia (UFRN).
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