Análise dos discursos de gênero em jornais oitocentístas: “A mãi de Familia” (1979) e o “Sexo Feminino” (1873)
Resumo
Este artigo busca investigar os discursos de gênero presentes no jornal "A Mãi de Família" (1879) e no jornal O Sexo Feminino (1873), analisando sob a ótica das relações de gênero busca-se observar como discursos sobre feminilidades foram construídos, fundamentados e disseminados por meio das narrativas presentes na edição. Considerando também a posição generificada que molda a subjetividade do olhar dos sujeitos responsáveis pelas edições dos periódicos. Utilizando teóricas (os), como Judith Butler e Michel Foucault, o estudo busca analisar possíveis visões hierárquicas e essencialistas das identidades de gênero, bem como as possibilidades ou não de subversão de uma ordem compulsória e heteronormativa, destacando como tais discursos agem como práticas sociais e reguladoras que influenciam nas percepções de masculinidades e feminilidades. Este trabalho contribui para uma compreensão das dinâmicas históricas de gênero no Brasil do século XIX, evidenciando suas implicações na construção das identidades generificadas.
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