Um estudo das estratégias do saber/poder no discurso do Cacique Seattle: (des)colonização e identidades

  • João Paulo Tinoco Machado Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
  • Vânia Maria Lescano Guerra Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Palavras-chave: Indígenas, Carta de Seattle, Discurso.

Resumo

A partir de uma proposta transdisciplinar e do método arqueogenealógico de Foucault ([1970] 2005, [1969] 2008), este trabalho estuda o processo identitário do indígena e sua relação com o meio ambiente por meio do discurso do chefe Seattle, tendo como aporte teórico a Análise do Discurso de origem francesa e a visada pós-colonialista de Bhabha (1998). Com base em regularidades enunciativas e dispersões do discurso, estudamos as diferentes formações discursivas e os efeitos de sentido possíveis   que perpassam a memória discursiva indígena e as representações de terra. Foi recortado um excerto da Carta de Seattle, líder sábio que orientou seu povo a deixar a terra e não optar pelo confronto, no pronunciamento ocorrido em 1887. Para entender o homem branco o discurso busca identificar-se com o pensamento capitalista, estranhamento que carrega a perda do território e a sujeição à dominação colonial no campo linguístico e social.

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Como Citar
Machado, J. P. T., & Guerra, V. M. L. (1). Um estudo das estratégias do saber/poder no discurso do Cacique Seattle: (des)colonização e identidades. Papéis: Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Estudos De Linguagens - UFMS , 19(37), 4-21. Recuperado de https://periodicos.ufms.br/index.php/papeis/article/view/3048
Seção
Artigos - Linguística e Semiótica