Insegurança no acesso à atenção primária sob a ótica dos profissionais de saúde

  • Cynthia Fernanda Teles Machado Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - (UFMS)
  • Nur Mohamad Ali El Akra Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - (UFMS)
  • Verusca Soares de Souza Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - (UFMS)

Resumo

Introdução: A atenção primária à saúde (APS) é a principal porta de entrada e centro de comunicação das redes
de atenção à saúde, coordenadora do cuidado e ordenadora das ações e serviços. Logo, o cuidado primário seguro
tem sido assinalado como primazia a nível mundial com a estimulação de adoção de estratégias para incentivo
à melhoria da assistência. Objetivo: descrever situações inseguras no acesso à atenção primária sob a ótica de
trabalhadores da saúde. Método: Estudo transversal, do tipo Survey, realizada com trabalhadores da rede de
atenção primária de uma capital do Centro-Oeste do Brasil, independente do vínculo funcional e com atuação
mínima de seis meses na função. A coleta dos dados ocorreu via Google Forms, por questionário autoaplicado,
durante os meses de janeiro a julho de 2023, sendo utilizada a seção A do instrumento Medical Office Survey
on Patient Safety Culture (MOSPSC) adaptado à realidade brasileira. Os dados foram submetidos a análise
descritiva. Resultados: Participaram 355 profissionais, sendo 183 pós-graduados, 98 com ensino superior e 73
de ensino médio. Nesta seção, questiona-se a frequência de fatos acontecidos no local de trabalho nos últimos
12 meses. Acerca do atendimento clínico, 74 profissionais responderam que pelo menos uma vez por semana
um paciente não conseguiu uma consulta em até 48 horas para um problema sério ou agudo. Quanto a
disponibilidade do prontuário, 54 alegaram que o prontuário de um paciente não estava disponível pelo menos
uma vez na semana quando necessário, 42 relataram a indisponibilidade ao menos uma vez ao mês, 57 disseram
várias vezes e 64 uma ou duas vezes no período. Concernente à infraestrutura, 87 profissionais informaram que,
diariamente, um equipamento não funcionou adequadamente ou necessitava de reparo ou substituição. Quanto
à prescrição, 79 profissionais responderam que o paciente retornou uma ou duas vezes à unidade de saúde para
esclarecer ou corrigir uma prescrição e 34 profissionaisinformaram que as medicações não foramrevisadas pelo
profissional durante a consulta ao menos uma vez na semana, enquanto 33 disseram várias vezes no último ano.
Concernente aos exames laboratoriais/imagem, 57 profissionais informaram que várias vezes no último ano
estes não foram realizados quando necessário, enquanto 54 disserampelo menos uma vez na semana. Emrelação
aos resultados dos exames, 68 trabalhadores responderam que várias vezes nos últimos 12 meses estes não
estavam disponíveis, enquanto 61 alegaram a indisponibilidade ao menos uma vez na semana. Todavia, 79
informaram não ter acontecido no último ano o não acompanhamento de um resultado anormal. Conclusão: A
APS é um ambiente multidisciplinar, sendo necessárias diversas habilidades profissionais para lidar com as
situações apresentadas envolvendo o paciente. Dessa forma, conhecer situações inseguras pode formantar a
busca de soluções e melhorias para garantir um ambiente de trabalho mais seguro e eficiente.

Referências

Ministério da Saúde. Bvsms.saude.gov.br, 21Sept. 2017, bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2436_22_09_2017.html. Accessed 22 July 2023.

Timm M, Rodrigues MCS. “Adaptação Transcultural de Instrumento de Cultura de Segurança Para a Atenção Primária.” Acta Paulista de Enfermagem, vol. 29, 2016, pp. 26–37, www.scielo.br/j/ape/a/NKwYbxLthmqg6m9zYKTvYMy/abstract/?lang=pt, https://doi.org/10.1590/1982-0194201600005.

WHO. World Health Organisation. Global Patient Safety Action Plan 2021-2030 [Internet]. 2021. Available from: https://www.who.int/publications/i/item/9789240032705: towards eliminating avoidable harm in health care, Geneva, 2021.

Publicado
2023-12-31
Como Citar
TELES MACHADO, C. F.; MOHAMAD ALI EL AKRA, N.; SOARES DE SOUZA, V. Insegurança no acesso à atenção primária sob a ótica dos profissionais de saúde. Perspectivas Experimentais e Clínicas, Inovações Biomédicas e Educação em Saúde (PECIBES), v. 9, n. 2, p. 7, 31 dez. 2023.