Avaliação da atividade bioelétrica do assoalho pélvico em mulheres praticantes de crossfit: estudo observacional transversal

  • Sidineia Silva Pinheiro Cavalcante Franco Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento, Instituto Integrado de Saúde (INISA), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campo Grande (MS), Brasil.
  • Fabio Roberto Barbosa Saiki Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento, Instituto Integrado de Saúde (INISA), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campo Grande (MS), Brasil.
  • Ygor Thiago Cerqueira de Paula Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento, Instituto Integrado de Saúde (INISA), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campo Grande (MS), Brasil.
  • Hugo Alexandre de Paula Santana Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento, Instituto Integrado de Saúde (INISA), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campo Grande (MS), Brasil.
  • Gustavo Christofoletti Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento, Instituto Integrado de Saúde (INISA), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campo Grande (MS), Brasil.
  • Ana Beatriz Gomes de Souza Pegorare Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento, Instituto Integrado de Saúde (INISA), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campo Grande (MS), Brasil.

Resumo

Introdução: A Sociedade Internacional de Incontinência (ICS) define incontinência urinária como qualquer perda involuntária de urina, é um distúrbio prevalente na população feminina. Fatores de risco comuns para IU são pós-menopausa, obesidade e multiparidade1. O tipo mais frequente é a incontinência urinária de esforço (IUE) definida como perda involuntária de urina durante esforço, prática de exercício, ao tossir ou espirrar. Ocorre principalmente por duas situações específicas: hipermobilidade do colo vesical que seria decorrente da falha de suporte com alteração de sua posição e/ou deficiência esfincteriana intrínseca que geralmente ocorre por redução da coaptação uretral seja por déficit hormonal ou cirugias pélvicas2,3. Dessa forma, a avaliação dos MAP se torna importantes, utilizando a EMGs como uma ótima ferramenta avaliativa para detectar e quantificar as principais alterações neuromusculares do assoalho pélvico. Objetivo: Tendo em vista a importância da temática, o presente estudo objetiva avaliar a atividade bioelétrica dos músculos do assoalho pélvico de mulheres praticantes de Crossfit com e sem sintomas de incontinência urinária de esforço (IUE) durante a prática esportiva. Método: Trata-se de um estudo piloto, transversal, onde vinte mulheres praticantes de crossfit participaram deste estudo. As participantes foram divididas em relação à presença ou não de perda de urina ao esforço. O apoio ético foi obtido sob o parecer de nº 5.834.048. Os critérios de inclusão envolveram mulheres com idade mínima de 18 anos e máxima de 45 anos, praticantes de atividade de alto impacto há pelo menos 6 meses e com frequência mínima de 3x na semana. Os critérios de exclusão forma o uso de medicamentos antimuscarínicos, prolapso genital, infecção do trato urinário, nocturia,  enurese, história prévia de exercícios do assoalho pélvico, cirurgia uroginecológica, gestação e parto. As participantes foram recrutadas de três academias de Crossfit e avaliadas no Laboratório de Saúde da Mulher da Clínica Escola Integrada (CEI) da UFMS. As avaliações inicialmente envolveram um questionário sóciodemográfico e clínico aplicado a ambos os grupos, o questionário Internacional Consultation on Incontinence Questionnaire – Short Form (ICIQ-SF), a Eletromiografia de superfície dos músculos do assoalho pélvico por meio do Protocolo de Glazer e a avaliação da composição corporal através da Bioimpedância Tetrapolar. Resultados: As participantes do estudo tinham idade média de 37,25±7,8 anos, e 34,5 meses em média de prática na modalidade. Mulheres com IUE apresentaram uma contração tônica do assoalho pélvico mais fraca  (p=0,054), o tempo antes do pico fibras fásicas menor ( p=0,041), tempo antes do pico de contrações tônicas menor (p=0,009) e tempo após o pico das contrações tônicas menor (p=0,006) do que as mulheres sem IUE.  Conclusão: As praticantes de exercícios de alta intensidade que tem IUE apresentam prejuízo importante na atividade bioelétrica avaliada por meio da eletromiografia de superfície, demonstrando assim que a presença da incontinência urinária nas mulheres está associada a um déficit especialmente nas fibras tônicas e a falha do sinergismo abdomino-pélvico. A fisioterapia por meio do treinamento do assoalho pélvico poderia ajudar essas mulheres na prevenção e tratamento da IUE.

Referências

Araujo, MP de et al. 2015 Avaliação do assoalho pélvico de atletas: existe relação com a incontinência urinária?. Revista Brasileira de Medicina do Esporte [online]. 21: 442-446.
Bø K, Nygaard IE. 2020 Is Physical Activity Good or Bad for the Female Pelvic Floor? A Narrative Review. Sports Med. 50(3):471-484.
Santana, A et al. 2019 Urinary incontinence in cross fit women practitioners. Arq Cien Esp. 7: 119–122.
Publicado
2023-12-31
Como Citar
SILVA PINHEIRO CAVALCANTE FRANCO, S.; BARBOSA SAIKI, F. R.; CERQUEIRA DE PAULA, Y. T.; DE PAULA SANTANA, H. A.; CHRISTOFOLETTI, G.; GOMES DE SOUZA PEGORARE, A. B. Avaliação da atividade bioelétrica do assoalho pélvico em mulheres praticantes de crossfit: estudo observacional transversal. Perspectivas Experimentais e Clínicas, Inovações Biomédicas e Educação em Saúde (PECIBES), v. 9, n. 2, p. 28, 31 dez. 2023.