Importância da fisioterapia no Transtorno do Espectro Autista
relato de caso
Resumo
Introdução: O transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento que caracteriza-se por déficits de comunicação social, comportamentos repetitivos, alterações motoras e sensoriais, estima-se que atinja uma em cada 160 crianças no mundo. Nos últimos anos a prevalência do TEA vem crescendo globalmente, o aumento se deve pela maior conscientização sobre o tema e aumento dos critérios diagnósticos1. O critério padrão para o diagnóstico de TEA é uma avaliação com uma equipe multidisciplinar, baseada na observação direta do comportamento da criança e entrevista com o cuidador, focada no desenvolvimento e comportamentos do indivíduo. Alguns sinais e sintomas precoces comuns de TEA nos primeiros 2 anos de vida de uma criança incluem, ausência de resposta ao nome quando chamado, uso limitado ou inexistente de gestos na comunicação e falta de brincadeiras2. Dentre os sinais motores a marcha na ponta dos pés é um achado clínico e uma das primeiras e mais evidentes manifestações de comprometimento qualitativo no domínio motor no TEA. O diagnóstico de andar na ponta dos pés é aplicado quando um indivíduo continua a andar na ponta dos pés mesmo quando uma marcha madura do calcanhar pode ser alcançada, entre 3 e 7 anos, e manifesta essa tendência por mais de 6 meses3. Objetivo: O objetivo é relatar o caso de um indivíduo atendido por uma equipe multidisciplinar com enfoque da Fisioterapia e os ganhos alcançados no período do tratamento. Descrição do caso: Paciente F.T., 7 anos diagnosticado com TEA aos 3 anos e Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) aos 7 anos, comunicação predominantemente não verbal. Iniciou a marcha na ponta dos pés com 1 ano e 8 meses. Faz uso de antipsicótico no período noturno, além de órtese tornozelo e pé (AFO). O paciente participa de diversas terapias, dentre elas: fonoaudiologia, terapia ocupacional, Análise do Comportamento Aplicado (ABA), acupuntura, equoterapia, aromaterapia, uso de toxina botulínica e fisioterapia. Tem como atividades favoritas correr e brincar de massinha de modelar. Os atendimentos em fisioterapia eram realizados quatro vezes por semana com duração de 50 minutos, na casa do paciente. Após avaliação detalhada foram traçados objetivos e condutas para o caso. Dentre elas estavam: promover extensibilidade de tecidos moles, melhora do equilíbrio e propriocepção, estimular atividade de dupla tarefa, melhora do alinhamento e estabilidade corporal e ganho de força muscular. As condutas consistiam em treino de marcha em diferentes direções e superfícies, alongamentos e mobilizações, atividade lúdicas que envolviam letras e números, musicalização, treino de força muscular com uso de caneleiras, atividades de dupla tarefa e associações com cores e objetos. Resultados: Observou-se aumento da amplitude de movimento passiva da articulação de tornozelo, quando comparada a primeira avaliação, melhora no equilíbrio, controle de tronco e estabilidade corporal, além da maior atenção em determinadas atividades. Conclusão: A fisioterapia em conjunto com a equipe multidisciplinar, age de maneira positiva na melhora da estabilidade corporal e amplitude de movimento de crianças com TEA, buscando sempre o bem-estar e qualidade de vida desses pacientes.
Referências
OMS. Organização Mundial de Saúde. Transtorno do Espectro Autista. [Internet]. 2021 sep. 13 [citado 2023 aug.18]. Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/transtorno-do-espectroautista.
Hirota T, Rei BH. Transtorno do Espectro do Autismo: Uma Revisão . JAMA. [Internet]. 2023 nov. [citado 2023 aug. 18] 329(2):157–168. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36625807/ doi:10.1001/jama.2022.23661.
Valagussa G, Purpura G, Nale A, Pirovano R, Mazzucchelli M, Grossi E, Perin C. Sensory Profile of Children and Adolescents with Autism Spectrum Disorder and Tip-Toe Behavior: Results of an Observational Pilot Study. Children (Basel). [Internet]. 2022 sep. 1 [citado 2023 aug. 18] 9(9):1336. Disponível em: https://europepmc.org/article/MED/36138645 doi: 10.3390/children9091336. PMID: 36138645; PMCID: PMC9497722.
Copyright (c) 2023 Caroline Lemes Mendonça
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