Prematuridade e infecção do trato urinário (ITU) na gravidez

uma revisão de literatura

Resumo

Introdução: A infecção do trato urinário (ITU) ocorre em 5 a 10% em mulheres grávidas são influenciados por fatores tais como: paridade, etnia e condições socioeconômicas. Embora inicialmente possa se apresentar como bacteriúria assintomática (BA), se não for diagnosticada precocemente e tratada, pode evoluir para um quadro mais complexo das formas de ITU, como cistite ou pielonefrite¹. Nos desfechos neonatais a prematuridade vem se mostrando umas das mais preocupantes complicações da ITU, sendo a principal causa de mortalidade e morbidade perinatal. O nascimento prematuro é diretamente responsável pela morte de cerca de um milhão de recém-nascidos em todo o mundo a cada ano e é conhecido por causar deficiências neurológicas e de desenvolvimento de longo prazo². Objetivo: Identificar o desfecho prematuridade/trabalho de parto prematuro em mulheres com ITU na gestação. Método: Estudo de revisão bibliográfica, que compõe uma revisão integrativa de literatura (RIL), onde a prematuridade em todos os estudos que compuseram a RIL foi um dos principais desfechos. A busca dos estudos ocorreu de março a junho de 2023 nas bases de dados Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), National Library of Medicine National Institutes of Health (PubMed), Web of Science e CINAHL. Adotaram-se como critérios de inclusão estudos primários publicados artigos completos disponíveis na íntegra nos idiomas inglês, espanhol e português; entre 2018 e 2022. Resultados: Foram selecionados quatro estudos realizados nos seguintes países: Estados Unidos, Etiópia, Holanda e México, com um número total de 145.970 gestantes estudadas. Na pesquisa realizada nos Estados Unidos foi constatado que as mulheres com uma única ITU tiveram um risco elevado de trabalho de parto prematuro independentemente do trimestre de gestação². Verificou-se que as complicações da ITU são mais intensas em países de baixa e média renda podendo ligado à escassez de financiamento e logística para a triagem oportuna de mulheres para a infecção³. No estudo realizado no México, 41,67% das gestantes da amostra realizaram menos de quatro consultas pré-natais, o que mostra um impasse no acesso ao acompanhamento de pré-natal, resultando em uma maior suscetibilidade dessas mulheres aos desfechos desfavoráveis na gravidez. Ademais, foi possível traçar o perfil sociodemográfico dessas mulheres incluindo sete indicadores de risco significativos: idade materna, etnia não caucasiana, não vive com companheiro, baixa escolaridade, tabagistas, possuem histórico de ITU recorrente e presença de BA por volta de vinte semanas de gestação⁴. Conclusão: É preciso que políticas públicas de saúde sejam voltadas ao rastreamento da ITU durante o pré-natal e que se incentive uma maior adesão às consultas. Mulheres assintomáticas devem ser minuciosamente rastreadas e tratadas para que não se desenvolva a ITU e diminua os riscos gravidade a gestante e ao feto. Além disso, é necessário educação em saúde para informar formas de prevenção de ITU adequando a realidade das gestantes, bem como os profissionais devem ser capacitados e habilitados em identificar e prevenir os agravos a saúde da mulher no pré-natal.