A difícil tarefa de diagnosticar precocemente a Síndrome de DiGeorge na população pediátrica: um relato de caso.
Resumo
Introdução: A microdeleção 22q11.2 (Síndrome de DiGeorge) é considerada uma das síndromes de microdeleção genética mais frequentes na população pediátrica, porém seu diagnóstico muitas vezes não é suspeitado. Objetivo: relatar o caso de um paciente portador de Síndrome de DiGeorge (SDG). Método: as informações foram obtidas por meio de revisão do prontuário médico. Relato: Paciente feminina, boas condições de nascimento, evoluiu com crise convulsiva associado a hipocalcemia aos 4 anos de idade. Ao decorrer do acompanhamento ambulatorial apresentou 8 internações por Pneumonia em 1 ano, sendo que a hipocalcemia estava presente em todas elas. Foram notadas outras manifestações clínicas associadas: atraso do DNPM, déficit de aprendizagem, baixa estatura, disfagia e dismorfias craniofaciais. Após discussão multidisciplinar do caso, o diagnóstico de SDG foi sugerido, paciente realizou teste genético, o mesmo apresentou resultado negativo, apesar disso, o diagnóstico de provável SDG foi estabelecido pelos vários sinais e sintomas clínicos, além de que um resultado negativo a partir desse tipo de análise não exclui a presença de anormalidades na região 22q11.2. Discussão: Descrevemos o caso de uma criança na qual a suspeita diagnóstica foi fundamental para a implementação de medidas que influenciaram diretamente na melhora de sua qualidade de vida. O diagnóstico tardio, após 8 internações por pneumonia, nas quais a hipocalcemia era sempre detectada, demonstra a falha no reconhecimento da patologia, que pode passar despercebida. Pode-se concluir que é válido estabelecer a importância da suspeita diagnóstica para melhorar a qualidade de vida e instituir o acompanhamento necessário para a criança envolvida.
Palavras-chave: Pediatria. Síndrome de DiGeorge. Diagnóstico.
Referências
Angela BF Fomin, Antonio Carlos Pastorino, Chong Ae Kim, Alexandre C Pereira, Magda Carneiro Sampaio, Cristina Miuki Abe JacobI. DiGeorge Syndrome: a not so rare disease. CLINICS, 65(9), 865-869, 2010.
Chinen J, Rosenblatt HM, Smith EO, Shearer WT, Noroski LM.Long term assessment of T cell population in DiGeorge Syndrome. J Allergy Clin Immunol, 2003.
Christina Cruz Hegner, Fernanda Lavagnoli Barcelos, Juliana Neves Ferreira, Roberta Petroni Smiderle, Patrícia Casagrande Dias de Almeida. Diagnóstico tardio de síndrome de DiGeorge em criança hipocalcêmica: relato de caso. Rev Med Minas Gerais, 26 (Supl 2), S53-S56, 2016.
Goldmuntz E. DiGeorge Syndrome: New Insights. Clin Perinatol, 32, 963-978, 2005.
Karina M. de Melo, Beatriz T. Costa Carvalho. DiGeorge Syndrome: Clinical - immunologic aspects and management. Rev. bras. alerg. Imunopatol, 30(2), 2007.
Melo KM, Carvalho BTC. Síndrome de DiGeorge: Aspectos clínico-imunológicos e manejo DiGeorge Syndrome: Clinical - immunologic aspects and management. Rev. Bras. Alerg. Imunopatol., 30 (2), 47-50, 2007.
Ochs HA, Nelson DL, Sthiem ER. Other well-defined Immunodeficiency Syndromes. In: Ochs HD, Sthiem ER (ed) Immunologic disorders in infants and children. Philadelphia, WB Saunders, 5th ed, 523-530, 2004.
Oskarsdóttir S, Persson C, Eriksson BO, Fasth A. Presenting phenotype in 100 children with the 22q11 deletion syndrome. Eur J Pediatr, 164, 146-53, 2005.
Perez E, Sullivan KE. Chromosome 22q11.2 deletion syndrome (DiGeorge and velocardiofacial syndrome). Curr Opin Pediatr, 14, 678-683, 2002.
Rosa RFM, Zen PRG, Roman T, Graziadio C, Paskulin GA. Síndrome de deleção 22q11.2: compreendendo o CATCH22. 22q11.2 deletion syndrome: catching the CATCH22. Rev Paul Pediatr, 27(2), 211-20, 2009.
Shprintzen RJ. Velo-cardio-facial syndrome. In: Cassidy SB, Allanson J, editors. Management of genetic syndromes. New York: Wiley, 495-517, 2005.
Zhang L, Zhong T, Wang Y, Jiang Q, Song H, Gui Y. TBX1, a DiGeorge syndrome candidate gene is inhibited by retinoic acid. Int J Dev Biol, 50, 55-61, 2006.
Ao publicar na PECIBES, os direitos de copyright são mantidos pelos autores. Acreditamos que isto permite aos autores ampla divulgação do trabalho, sendo os mesmos responsáveis por todas as informações veiculadas. No entanto, em caso de reuso dos dados, a origem (Revista PECIBES) deve ser citada.