Prevalência de fragilidade e funcionalidade em pessoas com osteoartrite de joelho

  • Larissa Nogueira da Silva Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - (UFMS)
  • Ziziani Araújo da Silva Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - (UFMS)
  • Fernando Dias Boeira Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - (UFMS)
  • Dilene Barbosa Escobar Programa de pós-graduação em ciên-cia do movimento – PPGCMov – (UFMS)
  • Katiuscia Socorro Camargo Programa de pós-graduação em ciên-cia do movimento – PPGCMov – (UFMS)
  • Glaucia Helena Gonçalves Programa de pós-graduação em ciên-cia do movimento – PPGCMov – (UFMS)

Resumo

Introdução: Com o envelhecimento populacional, é possível observar alterações morfológicas e funcionais que tornam o indivíduo vulnerável ao desenvolvimento de algumas condições crônicas de saúde como a Osteoartrite (OA) e a Síndrome da Fragilidade. A OA é uma doença osteoarticular degenerativa, crônica e inflamatória, que afeta as funções físicas necessárias para as atividades de vida diárias. A fragilidade é uma condição clínica que causa a deterioração na capacidade funcional e das reservas fisiológicas em diversos sistemas, causando, assim, maior vulnerabilidade do organismo aos desafios ambientais, incorrendo em diminuição da atividade física e tornando-se um fator de risco para a incapacidade. Estudos anteriores verificaram que a OA foi significativamente associada a síndrome da fragilidade, sendo uma das comorbidades mais freqüentemente observada em idosos frágeis dentre angina, infarto do miocárdio, hipertensão, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca congestiva, doença arterial periférica, diabetes, câncer e doença pulmonar. Assim, a coexistência destas duas condições pode impactar negativamente na saúde dessas pessoas. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi verificar a prevalência de fragilidade em indivíduos com OA de joelho e avaliar a funcionalidade dessas pessoas. Materiais e métodos: Este é um estudo transversal  foi realizado no Instituto Integrado de Saúde - INISA, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - UFMS. Os critérios de elegibilidade do estudo incluíam: pessoas de ambos os sexos, com idade acima de 45 anos, com diagnóstico clínico ou radiográfico de OA de joelho e com sintomas presentes há pelo menos 03 meses. Pessoas com OA de joelho da comunidade de Campo Grande responderam a escala de Edmonton e foram divididas em dois grupos: Grupo frágil (GF), que incluiu pessoas classificadas com fragilidade; e grupo não frágil (GNF), que incluiu pessoas sem características de fragilidade. Os participantes do estudo responderam sobre os dados clínicos e sócio demográficos como idade, sexo, estado civil, escolaridade, comorbidades, uso de medicamentos. Também responderam ao questionário Western Ontario and McMaster Universities Osteoarthitis Index (WOMAC) que avalia dor, rigidez e função física; e International Physical Activity questionnaire (IPAQ) (versão curta), que avalia nível de atividade física.  Os participantes também  realizaram testes para avaliação de desempenho físico: caminhada rápida de 40 metros (TC40m), de subir e descer escada (TEscada); e de sentar e levantar de 30s (TSL30s). Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMS (nº 4.828.627). Resultados: De 137 pessoas analisadas, foram incluídos 33 participante com OA de joelho e média de idade de 63,1 anos, destes 19 (57,6%) foram classificados como frágeis: 10 eram aparentemente frágeis, 5 apresentaram  fragilidade leve, 3 apresentaram fragilidade moderada e 1, fragilidade severa. Os participantes eram a maioria do sexo feminino (66,7%), casados (54,5%), com nível de escolaridade até o ensino médio (75,7%) e renda entre 1 a 2 salários mínimos (51,2%)  Os participantes usavam em média 1,3 medicamentos, apresentavam 3,8 comorbidades e 30,3% faziam uso de suplementação de colágeno, a maioria dos participantes era ativa ou muito ativa (60,4%) segundo o IPAQ. O GF e o GNF não obtiveram diferenças significativas quanto às características clínicas e sócio demográficas com exceção do tempo de dor no joelho, na qual o GF apresentou média significativamente maior que o GNF. O GF apresentou resultados auto relatados significativamente piores que o GNF com relação à dor, função física e pontuação total avaliada pelo WOMAC. O GF também apresentou desempenho significativamente pior que o GNF nos TC40m, TEscada e TSL30s Conclusão: Foi encontrada uma alta prevalência de pessoas com OA de joelho que apresentavam fragilidade. Embora a maioria dos participantes do GF fossem aparentemente frágeis ou apresentassem fragilidade leve, o GF apresentou pior percepção da funcionalidade e pior desempenho físico funcional do que o GNF. Também foi observado que o tempo de dor no joelho e intensidade da dor foi pior em pessoas com OA de joelho consideradas frágeis que as não frágeis. 

Referências

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Publicado
2023-12-31
Como Citar
NOGUEIRA DA SILVA, L.; ARAÚJO DA SILVA, Z.; DIAS BOEIRA, F.; BARBOSA ESCOBAR, D.; SOCORRO CAMARGO, K.; GONÇALVES, G. H. Prevalência de fragilidade e funcionalidade em pessoas com osteoartrite de joelho. Perspectivas Experimentais e Clínicas, Inovações Biomédicas e Educação em Saúde (PECIBES), v. 9, n. 2, p. 32, 31 dez. 2023.