As desigualdades socioeconômicas, a escola pública, os direitos violados e os sujeitos de direitos: o que a Educação Matemática tem a ver com isso?

  • Everton Dutra Colodetti Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS)
  • Fernanda Malinosky Coelho da Rosa Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS)

Resumo

Diante de um país diverso, heterogêneo e desigual como o Brasil, abre-se como janela analítica a Educação Matemática como espaço de questionamento dessas características. Se por um lado a educação pública no Brasil é reflexo da sociedade, também se constitui num ambiente de ruptura, com possibilidades de transformação social. Nesse contexto, na escala da cidade de Campo Grande/MS, percebe-se uma grande diversidade socioeconômica entre as suas sete regiões urbanas, de modo que determinadas áreas da cidade possuem condições infraestruturais, de lazer, de serviços etc., que são apropriadas por diferentes extratos socioeconômicos, mas, por outro lado, outras carecem de características, alijando sua população local. Assim, apresentamos uma pesquisa de mestrado em fase inicial cujas perguntas auxiliadoras são: em um possível contexto de desigualdades estruturais e educacionais entre as escolas municipais de regiões urbanas de Campo Grande/MS e levando em consideração as suas características socioeconômicas em torno de sua localidade, como tais condicionantes perpassam vidas de jovens do 9º ano que frequentam essas escolas? Os condicionantes socioeconômicos que permeiam a vida desses jovens se relacionam com o ensino oferecido nessas instituições? E o que isso tudo tem a ver com a Educação Matemática? Ao longo da história, direitos foram conquistados em prol da promoção da justiça, liberdade e igualdade dos seres humanos. Seres humanos de direitos, direitos esses debatidos, documentados e registrados em formas de lei, de acordo com cada contexto pertencente à época. Documentos nacionais e internacionais serão usados como base desta pesquisa, bem como os estudos dos autores Arroyo (2018; 2019) e Connell (2000). A investigação irá se constituir por meio de pesquisa bibliográfica, análise documental, observação das escolas e narrativas constituídas por meio de entrevistas semiestruturadas realizadas com alunos e/ou professores. É necessário destacar que utilizaremos uma regionalização já estabelecida pelos órgãos de planejamento da cidade que a subdivide em sete regiões urbanas. Temos consciência de que do ponto de vista socioeconômico e cultural essas regiões são heterogêneas entre si e também internamente. Diante dessa complexidade, estabeleceremos até três escolas de até três regiões urbanas distintas para realizar a investigação. Articulando o levantamento bibliográfico com as narrativas dos participantes almejamos responder os questionamentos postos aqui anteriormente e contribuir para mais discussões e reflexões no âmbito da Educação Matemática (Inclusiva), entendida aqui a partir da perspectiva de Glat, Pletsch e Souza Fontes (2007, p.344), que afirmam que a Educação Inclusiva busca promover um ambiente educacional “em que é possível o acesso e a permanência de todos os alunos, e onde os mecanismos de seleção e discriminação, até então utilizados, são substituídos por procedimentos de identificação e remoção das barreiras para a aprendizagem”.

 

Referências

 

ARROYO, Miguel G. Módulo Introdutório: Pobreza, desigualdades e Educação. MEC: Secadi, 2018. Disponível em: <http://catalogo.egpbf.mec.gov.br/modulos/pdf/intro.pdf>. Acesso em: 22 jun 2021.

ARROYO, Miguel G. Vidas Ameaçadas: Exigências-respostas éticas da Educação e da Docência. Editora Vozes: Petrópolis, 2019.

CONNELL, Robert W. Pobreza e Educação. In: GENTILI, Pablo. Pedagogia da exclusão: crítica ao liberalismo em educação. 6ª edição. Editora Vozes. Petrópolis, 2000.

GLAT, Rosana; PLETSCH, Márcia Denise; SOUZA FONTES, Rejane. Educação inclusiva & educação especial: propostas que se complementam no contexto da escola aberta à diversidade. Educação, v. 32, n. 2,p. 343-355, 2007.

 

Publicado
2021-10-16