Compreensões sobre a vida escolar dos alunos com Altas Habilidades ou Superdotação referentes à Educação Matemática Inclusiva

  • Fábio Palácio Batista UFMS
  • Fernanda Malinosky Coelho da Rosa

Resumo

A pesquisa, em fase inicial, tem como objetivo compreender o que acontece na vida escolar dos alunos identificados com altas habilidades ou superdotação (AH/SD) em Matemática, nas práticas que envolvem a Educação Matemática no ensino regular. A curiosidade para esta investigação surgiu por meio de pesquisas feitas para um trabalho de conclusão de curso de graduação em Pedagogia e conversas informais com alunos identificados com AH/SD. Nelas foram relatadas situações as quais o professor de Matemática faz um questionamento na aula e quando estes alunos querem responder, são convidados a ficarem quietos e deixar outros colegas da sala responderem. Daí nos veio a questão: será que situações como essa são situações de exclusão?

Nesse sentido, o estudo acontecerá por meio de narrativas construídas a partir de entrevistas feitas com alunos identificados com AH/SD convidados com a colaboração do Centro Estadual de Atendimento Multidisciplinar para Altas Habilidades ou Superdotação (CEAM-AHS), centro responsável pelas avaliações e posterior atendimento educacional especializado no Estado de Mato Grosso do Sul, conforme a legislação educacional brasileira recomenda[1]. Para melhor compreensão sobre o trabalho desenvolvido pelo centro, serão convidados para entrevista um psicólogo(a), um pedagogo(a) e a diretora do CEAM-AHS. Azevedo (2014) destaca a importância da narrativa: ao narrar, o participante desperta a consciência de si e de suas aprendizagens pela vivência quando se percebe, ao mesmo tempo, nos papéis de ator e de investigador da sua própria história. Assim, as narrativas produzidas trarão para reflexão as trajetórias como estudante, suas expectativas e suas desilusões.

Cabe destacar que um aluno com AH/SD em Matemática[2] apresenta alguns comportamentos específicos como habilidade numérica, a alta memória, a abstração, o pensamento divergente, o raciocínio lógico avançado, a rapidez de pensamento e o desenvolvimento elevado da capacidade mental (JELINEK, 2015). Devido a essas características, esse aluno tem tendência a resolver problemas matemáticos mentalmente, sem escrever os passos seguidos para resolução. Pode ainda terminar as tarefas com maior rapidez do que seus pares e, com isso, ficar conversando com os colegas e interferindo em suas atividades.

A partir das análises das narrativas, esperamos que nossa pesquisa possa nos ajudar a compreender como acontecem as relações pedagógicas nas práticas que envolvem a Educação Matemática (Inclusiva) e os alunos identificados com AH/SD, compreender as consequências dessa identificação na vida familiar, na busca por instituições de ensino comuns e/ou especializadas e como a família vê o papel da escola no desenvolvimento dos potenciais do aluno com AH/SD. Além disso, esperamos também contribuir com os estudos realizados pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Matemática, Diversidade e Diferença (GEduMaD) e o Grupo de Trabalho 13 da Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM).

 

REFERÊNCIAS

JELINEK, Karin Ritter. Altas habilidades em Matemática: incentivando potenciais no Ensino Fundamental. Revista Eletrônica de Matemática - REMAT, Caxias do Sul (RS), v. 1, n. 2, p. 1-8, 2015.

AZEVEDO, Priscila Domingues. Narrativas de Práticas Pedagógicas de Professoras que Ensinam Matemática na Educação Infantil. Bolema, Rio Claro (SP), v.28, n. 49, p. 857-874, ago. 2014.

 

[1] Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Política Nacional de Educação Especial (PNEE), por exemplo.

[2] AH/SD pode ser identificado em qualquer área do conhecimento como, por exemplo Artes, Linguística, Política. A Matemática é uma possibilidade e o foco da nossa pesquisa.

Publicado
2021-10-16