Estatística: formação do professor primário no período do Movimento da Matemática Moderna

  • PAMELA KARINY PETERES SOARES LIMA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
  • Edilene Simões Costa dos Santos

Resumo

Este artigo tem por objetivo apresentar resultados iniciais de um projeto de Iniciação Científica em desenvolvimento no âmbito da licenciatura em matemática no Instituto de Matemática da Universidade Federal de MS. O estudo aborda a presença da estatística na formação de professores primários no Movimento da Matemática Moderna (MMM). Levantamos materiais didáticos do período, sendo analisados o livro Matemática e Estatística de Osvaldo Sangiorgi (1963) e um caderno da normalista Myriam Boardimam de Oliveira (1968). Trata-se de um estudo sócio-histórico, o referencial teórico-metodológico traz autores com Valente (2007), França (2012), Piaget e Inhelder (1975), Hofstetter e Schneuwly (2017), dentre outros. O estudo discute a difusão da Matemática Moderna no Brasil, bem como reflexões sobre a estatística, com a finalidade de identificar saberes do ensino e da formação de professores no que diz respeito à estatística. No início da pesquisa, realizamos um estudo bibliográfico com a finalidade de conhecer o período a respeito do início do Movimento da Matemática Moderna no Brasil. Assim, compreender como se deu o MMM em meio à situação do ensino público brasileiro e à formação de professores que ensinam matemática, onde exploramos personagens como Sangiorgi e grupos de formação como o GEEM (Grupo de Estudo do Ensino da Matemática), NEDEM (Núcleo de Estudos e Difusão do Ensino da Matemática) e os SEV (Serviço do Ensino Vocacional) que contribuíram para a disseminação das ideais do movimento e que a presença da estatística na formação do professor que ensina matemática implicou diretamente na forma de realizar os estudos e, por conseguinte, apresentá-los. Ainda, o trabalho desenvolvido ergueu-se da seguinte pergunta: Como a estatística estava presente na formação do professor primário no período do MMM? E é a partir desta temática, e com todos os demais conhecimentos adquiridos para esta pesquisa, é possível considerar que expectativas de modernização incluíam o progresso da formação de professores do curso normal. E que a estatística no curso normal nesse período tinha a finalidade ferramental, ou seja, mais do que um saber a ensinar era um instrumento de trabalhos relacionados à administração do ensino nas escolas e para capacitação na compreensão e preenchimento de mapas estatísticos. Assim, utilizando a estatística como uma ferramenta de avanço profissional, levando-a para além da carreira docente (VALENTE, 2007). Os saberes a ensinar e saberes para ensinar (Hofstetter, Schneuwly, 2017), saberes do ensino e da formação, são tomados como categorias na análise do livro de Sangiorgi (1963) e do caderno de Oliveira (1968). Os saberes para ensinar, oriundos do campo disciplinar, podem   ser   considerados   como   a   representação   do   objeto   de   trabalho   do profissional, e os saberes para ensinar são aqueles que constituem o campo profissional, a expertise. Esperamos que as considerações a serem tecidas ao final de tais análises possam contribuir na caracterização de como se deu o processo de formação do professor primário em estatística no período do MMM.

Referências

FRANÇA, D. M. A. Do primário ao primeiro grau: as transformações da matemática nas orientações das Secretarias de Educação de São Paulo (1961-1979). Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. 294p.

Hoffstetter, R; & Schneuwly, B. (2017). Saberes: um tema central para as profissões do ensino e da formação. In: Hofstetter, R., & Valente, W.R. (Orgs.). Saberes em (trans)formação: tema central da formação de professores. 1. ed. São Paulo: Editora Livraria da Física.

OLIVEIRA, M. B. de. Caderno de Estatística: Caderno de Professor, Ensino Normal. Juiz de Fora, MG, 1968. 157p. Repositório Institucional-UFSC.

PIAGET, J; INHELDER, B. Gênese das estruturas lógicas elementares. 2 ed. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1975. 356p.

SANGIORGI, O. Matemática e Estatística, 15 ed. São Paulo, Editora Nacional,1963. 254p. Repositório Institucional-UFSC.

VALENTE, W.R. No tempo em que professores normalistas precisavam saber estatística, Revista Brasileira de História da Matemática, Especial no 1, p. 357-368, dezembro, 2007.

Publicado
2021-10-23