Pintando o sete na Matemática: uma experiência no ensino remoto emergencial

  • Eduardo Mariano da Silva ufms
  • Sandra Regina Vieira Oliveira

Resumo

Este trabalho apresenta um relato de experiência do projeto da disciplina Eletiva II intitulado “Pintando o sete na Matemática”, realizado na Escola Estadual Wladislau Garcia Gomes, nos pressupostos da Escola de Autoria (Lei n. 4.973, de 29 de dezembro de 2016), em Paranaíba/MS. O projeto teve como objetivo discutir a integração da Matemática e da Arte, mais especificamente, propiciar a compreensão de elementos geométricos por intermédio da arte, concomitantemente, estimulando a participação de estudantes como autores de suas criações e mobilizadores de conhecimentos. A turma constituída para a referida disciplina foi composta de forma mista, com estudantes provenientes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental. O projeto surge em 2021, ano em que se cogitava o retorno das aulas presencias da Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul, todavia, com o aumento dos casos de Covid-19, a modalidade de Ensino Remoto Emergencial foi mantida. Assim, a proposta teve que ser adaptada para a execução virtual, por meio de Atividades Pedagógicas Complementares (atividade impressa). Durante a execução do projeto, alguns desafios marcaram presença, a exemplo, pouco acesso às aulas on-line, atividades impressas não desenvolvidas completamente pelo estudante, dificuldades para explorar conceitos matemáticos no meio virtual, baixa conexão de internet, tanto da professora quanto dos estudantes. Todavia, neste relato, está sendo levado em conta o êxito de estudantes que conseguiram realizar as atividades, apesar das dificuldades encontradas. As aulas foram planejadas a partir de artistas que, evidentemente, trabalhavam com base em elementos geométricos, entre eles: Alfredo Volpi – pintor conhecido pela obra “Bandeirinhas” – a partir dessa obra estudou-se figuras planas. Alguns estudantes associaram a obra com as bandeirinhas de festas juninas, portanto, foi sugerida a releitura ou criação da sua própria arte com bandeirinhas; Wassily Kandinsky – a partir de suas principais obras e bibliografia, realizou-se a atividade de identificação de figuras planas e polígonos; Piet Mondrian – inspirou a realização de estudos sobre o cálculo de área do quadrado, retângulo e perímetro.  Um fato interessante ocorrido foi que os estudantes reconheceram ao ver uma releitura da obra de Mondrian em um muro no centro da cidade; Milton Dacosta, – inspirou a exploração dos conceitos de poliedros, prismas, corpos redondos e suas planificações; Luís Sacilotto, – a partir de suas esculturas e pinturas, discutiu-se sobre os conceitos de círculos e circunferências e seus elementos; Tarsila do Amaral e Candido Portinari – a partir de suas obras contendo imagens de casas os estudantes foram questionados sobre a representação da figura geométrica triângulo nos telhados das casas, convergindo para um diálogo sobre a relação do triângulo nas construções. Concordamos com Duarte Jr. de que o ensino de Matemática pauta em “adquirir conhecimentos”, sendo que “adquirir conhecimentos, neste caso, significa tão somente “decorar” fórmulas e mais fórmulas, teorias e mais teorias, que estão distantes de sua vida cotidiana” (2001, p. 32), então acreditamos que o movimento deste projeto na referida disciplina pode contribuir para que essa lógica seja rompida e que outros sentidos sejam produzidos.

Publicado
2021-10-23