O ensino de funções afins e exponenciais na educação básica: a articulação entre os conteúdos de funções e os cálculos de juros

  • Elemilson Barbosa Caçandre IFES - Cachoeiro de Itapemirim
  • Bruno Fonseca Coelho

Resumo

O presente estudo tem por finalidade trazer uma reflexão sobre o ensino de funções articuladas ao cálculo de juros, possibilitando um ensino integrado entre os conhecimentos da própria Matemática. Nesta perspectiva, vale salientar que o ensino da matemática é uma articulação de várias pesquisas e estudos realizados ao longo dos anos em que se buscou um modelo de ensino que possa proporcionar aos alunos uma gama de conhecimento suficientemente razoável para o seu desenvolvimento cognitivo e social. Na década de 80, e anteriores, prevalecia “uma metodologia de ensino tradicionalista”, que se constituía em uma “inadequação à realidade cotidiana do aluno” (MEIRA, 2016, p. 15). Nunes (2009, p.11), por sua vez, afirma que a Matemática se constitui em um “produto cultural, resultado de uma longa evolução, e está em contínuo desenvolvimento”, sendo possível que esta ciência traduza diversas realidades. A partir desse contexto, observa-se que essa desarticulação se estabelece de maneira equivocada dentro das escolas (MEIRA, 2016), pois a Matemática materializa, em modelos matemáticos, a realidade, para que possamos compreendê-la. No que diz respeito ao ensino da Matemática, Lorenzato (2010, p.21) estabelece que o “o ensino da matemática, para ser proveitoso ao aluno, precisa estar vinculado à realidade na qual está inserido”, fato que está de acordo com que a Base Nacional Comum Curricular, uma vez que esta define como prioridade: “possibilitar que os estudantes construam uma visão mais integrada da Matemática, ainda na perspectiva de sua aplicação à realidade” (BRASIL, 2018, p. 517). Como parte da realidade de todos, encontra-se a Matemática Financeira. Ela desencadeia o estudo dos juros simples e/ou compostos. O que mais chama a atenção dentro do ensino da temática é que por mais que a BNCC, por meio da definição das competências, estabeleça que deve ser realizado uma integração do estudo de juros com outros conteúdos, observa-se ações que não as garantem. Campos (2012) aponta que a Matemática Financeira é parte do cotidiano e este fato nos permite inferir que é necessário dar uma ênfase no estudo que tange esta área, como, por exemplo, dentro do ensino de funções. Assim as funções afins e exponenciais representam diversos fenômenos, e essa característica de representação se apresenta também dentro da Matemática Financeira, no que diz respeito ao estudo dos juros. Além disso, essa possibilidade de representação nos permite realizar um ensino integrado entre funções e Matemática Financeira, proporcionando ao ensino de funções uma contextualização com a realidade dos estudantes, e ao conteúdo de juros uma maior ênfase, tendo em vista que, segundo o currículo de Matemática, o estudo de funções se desenvolve em um grande período dentro do ensino médio. A articulação entre conteúdos escolares e o contexto social em que os educandos estão inseridos gera uma série de dúvidas entre os professores. Uma delas é estabelecida por Freire (1996, p. 15) quando questiona: “Por que não estabelecer uma necessária ‘intimidade’ entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos?”. Essa indagação é pertinente, pois chama a atenção ao fato de que os conteúdos das disciplinas não possuem uma relação com a realidade dos alunos. Essa, e outras reflexões sobre a temática serão alvo de uma pesquisa desenvolvida no mestrado acadêmico de um dos autores.

Publicado
2021-10-23