Vozes e desafios da educação matemática prisional

  • Andresa de Oliveira Mendes dos Santos Aluna PPGEdumat UFMS

Resumo

Segundo o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (INFOPEN, 2019) temos 748.009 pessoas privadas de liberdade no Brasil, e apenas 16,53% está inserida em alguma atividade educacional, seja a nível fundamental, nível médio, cursos profissionalizantes, dentre outros. O ensino na prisão requer um olhar mais específico, por parte do professor e os demais envolvidos no processo educacional. Pois, no Brasil não existe encarceramento eterno. Enquanto educadores nos deparamos com um universo de possibilidades que abrange a área educacional. E delas a educação em Unidades Prisionais da qual não é habitualmente abordada nos currículos de forma obrigatória ou optativa das Instituições de Ensino Superior no Brasil. Segundo (GRACIANO, 2005) a educação é o caminho que direciona a todos os outros direitos. E para (ONOFRE, 2007) ensino na prisão ajuda no crescimento pessoal do aluno preso. Compreender como ocorre a educação para privados de liberdade, e o professor enquanto pessoa que se encontra como instrumento de transformação se faz extremamente necessário. Conhecer as trajetórias e olhares dos professores de matemática do estado de Mato Grosso do Sul que atuam ou atuaram neste contexto, é crucial para se entender todo esse ambiente complexo da educação no cárcere. Para (FREITAS, FIORENTINI, 2007) as narrativas conseguem expor as condições e afetações do ensino da matemática na sala de aula e pesquisa. Nesta pesquisa, buscaremos compreender as demandas de se atuar no ensino para privados de liberdade, elas são totalmente distintas das escolas regulares? Os professores são ouvidos? De que modo eles podem afetar a vida de seus alunos, e/ou se são afetados também. Realizaremos uma pesquisa qualitativa e como estratégia metodológica usaremos as entrevistas narrativas. Segundo (GARNICA, 2015) a metodologia sempre está em movimento, e a história oral está como um fundamento para as narrativas. Elaboramos um roteiro semiestruturado para a entrevista, que será realizada no segundo semestre de 2021, a produção de dados será por meio da gravação de áudio e vídeo através do aplicativo de chamada Google Meet. Toda a gravação será transformada em textos escritos, por isso, teremos um número limitado de professores entrevistados, todos os dados coletados serão submetidos à análise interpretativa. Acerca das narrativas dos professores de matemática, notaremos que ela irá gerar uma reflexão, uma aproximação, um retrato em palavras do que vivenciaram nos espaços de privação de liberdade. Será uma linguagem expressada através das interpretações destes professores dentro dessa estrutura de normas existentes, a arquitetura, a vigilância, o medo, tudo existe uma relação política e social, os saberes ali precisam dialogar e fazer sentido para os que integram.

Publicado
2021-10-21