PERCEPÇÕES DE ESTUDANTES IDENTIFICADOS COM ALTAS HABILIDADES EM MATEMÁTICA SOBRE O ENSINO SUPERIOR:

VISLUMBRES E DESAFIOS

Resumo

A pesquisa, em fase inicial, tem como objetivo entender como alunos identificados com altas habilidades na área de matemática que estão na universidade ou finalizaram o ensino médio veem o ensino superior. Um dos principais pontos para o desenvolvimento da pesquisa tem-se o gosto pessoal da autora deste texto pelas experiências vividas por alunos identificados, por ter sido uma aluna de graduação com altas habilidades, ter vivido várias experiências, nem todas boas, e por saber que nem todos os identificados querem esse ocupar. Cabe dizer que um aluno superdotado segundo a Teoria dos Três Anéis criada por Joseph Renzulli em sua pesquisa, é aquele “que possuem ou são capazes de desenvolver este conjunto de traços: habilidade acima da média em alguma área do conhecimento, comparada aos seus pares com mesma idade e no mesmo ano de escolaridade; criatividade; envolvimento, motivação e concentração com a tarefa; capacidade de pensar estratégias diferentes para solucionar problemas, perceber novos significados e implicações para retirar ideias de uma situação e aplicá-las em outra; e aplicá-los a qualquer área potencialmente valorizada do desempenho humano”(RENZULLI, 2004, p.85). 

As altas habilidades e superdotação (AH-SD) no Brasil é considerada como público assistido pela Educação Especial, que é uma modalidade de ensino, por sua vez legitimada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/1996. O Conselho Nacional de Educação – CNE – afirma que, atualmente, esses discentes se encontram à margem do sistema educacional, sem receberem o devido atendimento especializado para suplementar o ensino: “Determinados segmentos da comunidade permanecem igualmente discriminados e à margem do sistema educacional. É o caso dos superdotados, [...] devido a necessidades e motivações específicas. Assim, esses alunos muitas vezes abandonam o sistema educacional, inclusive por dificuldades de relacionamento”. (BRASIL, 2001, p.7)

Assim, a Educação Inclusiva, enquanto conceito e prática, tem sua raiz na busca por uma educação que atenda a todos os alunos, independente de suas características individuais, sociais, culturais ou de habilidades. Na busca pela inclusão, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) pontua que é preciso, em seus sistemas de ensino, assegurar a inclusão escolar dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação (AH-SD) para que tenham acesso ao ensino regular, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do ensino; transversalidade da modalidade de educação especial desde a educação infantil até à educação superior. 

Nessa perspectiva, este estudo terá como metodologia a Pesquisa Narrativa sendo ela uma abordagem qualitativa que busca compreender e interpretar a experiência humana por meio das vivências que as pessoas contam, eventos ou fenômenos específicos, reconhece a importância da subjetividade e da interpretação na construção do conhecimento: “As pessoas vivem histórias e no contar dessas histórias se reafirmam. Modificam-se e criam novas histórias. As histórias vividas e contadas educam a nós mesmos e aos outros” (CLANDININ; CONNELLY, 2011, p. 27).

Tendo em vista a metodologia escolhida, o público alvo da pesquisa será alunos identificados com altas habilidades ou superdotação que estudam em universidades de Campo Grande MS, e ex-alunos no CEAM/AS (Centro Estadual de Atendimento Multidisciplinar para Altas Habilidades/ Superdotação). Então, a partir das análises das narrativas, esperamos que nossa pesquisa possa nos ajudar a compreender as vivências em espaços escolares, ajudar a aumentar informações sobre necessidades educacionais específicas desses alunos, promovendo a criação de ambientes mais inclusivos e propícios ao pleno desenvolvimento de suas habilidades, além de esperarmos contribuir com os estudos futuros.

Biografia do Autor

Déborah Liz Rodrigues de Souza, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Possui graduação em Matemática pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2023). Dispõe em andamento o Mestrado em Educação Matemática pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Tem experiência na área de Matemática, com ênfase em Matemática, atuando principalmente nos seguintes temas: educação especial e inclusão.

Fernanda Malinosky Coelho da Rosa, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Mãe do Heitor. Professora Adjunta do Instituto de Matemática (INMA) e do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS/ Campo Grande). Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Matemática, Diversidade e Diferença (GEduMaD). Foi Editora da Revista Perspectivas da Educação Matemática (2020-2022). De 2018 a 2021 foi Vice coordenadora do GT 13 - Diferença, Inclusão e Educação Matemática da Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM). De 2020 a 2022 foi responsável pela Secretaria de Formação de Professores da Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Esporte da UFMS (SEFOR/DIEX/PROECE). Doutora em Educação Matemática na Unesp - Campus de Rio Claro/SP (2014-2017) com estágio de um ano na Miami University, Oxford, Ohio (2015) - doutorado sanduíche (tese escolhida para receber uma menção honrosa no I Prêmio Unesp de Teses, em 2018). Mestre em Educação Matemática na Unesp (2013). Graduação em Matemática- licenciatura pela Universidade Federal Fluminense (2008). Especialização em Educação Especial com ênfase em Deficiência Visual pela UNIRIO (2009).

Referências

BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diretrizes e bases da educação nacional. Art. 59, redação dada pela Lei n. 12.796, de 2013. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 30 jul. 2024.

BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CNE/CEB n. 2, de 11 de setembro de 2001. Disponível em: http://www.mec.gov.br/resolucao-cne-ceb-2-2001. Acesso em: 30 jul. 2024.

CLANDININ, D. Jean; CONNELLY, F. Michael. Pesquisa narrativa: experiência e história em pesquisa qualitativa. Tradução: Grupo de Pesquisa Narrativa e Educação de Professores ILEEI/UFU. Uberlândia: EDUFU, 2011. 250 p.

RENZULLI, J. S. O que é esta coisa chamada superdotação, e como a desenvolvemos? Uma retrospectiva de vinte e cinco anos. Educação, Porto Alegre (RS), v. 27, n. 52, p. 75-131, jan.-abr. 2004

Publicado
2024-12-11
Seção
Resumo Expandido – Pôster - XVIII SESEMAT - 2024