METODOLOGIAS ATIVAS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA E OS DESAFIOS DA IMPLEMENTAÇÃO DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

Resumo

A matemática é frequentemente vista como uma das disciplinas mais desafiadoras no currículo escolar, tanto por estudantes quanto por professores. Essa percepção de dificuldade reflete-se nos preocupantes índices de baixa proficiência em matemática, evidenciados em avaliações externas como o Saeb, entre outras. Nesse contexto, as metodologias ativas surgem como uma estratégia promissora na tentativa de melhorar a compreensão dos conceitos matemáticos. Nesse sentido, este estudo, apresenta uma discussão sobre o uso de Metodologias Ativas na prática pedagógica de professores de matemática, assim como os desafios enfrentados na implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Este trabalho foi desenvolvido por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC). O objetivo foi identificar e discutir sobre a compreensão e uso de metodologias ativas por professores de matemática da rede pública de Dourados/MS. Para atingir esses objetivos, foi realizada uma pesquisa qualitativa por meio de entrevistas estruturadas, envolvendo 3 professores de matemática vinculados ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) e que atuam em escolas públicas de Dourados. A BNCC e os estudos de pesquisadores como Bacich e Moran (2017), Paiva (2017), Diesel (2017), entre outros, serviram como suporte teórico na discussão dos resultados. Os dados foram analisados segundo a metodologia de análise de conteúdo de Bardin (2011), que compreende três etapas: Pré-análise, em que as entrevistas realizadas foram gravadas, transcritas e organizadas em categorias; Exploração do Material, a qual os temas principais identificados nas falas dos professores foram agrupados em duas categorias: Percepção e Compreensão de Metodologias Ativas e, Aplicação e Integração de Metodologias Ativas na Prática Docente; e, por fim, o Tratamento dos Resultados, em que foram feitas inferências baseadas na percepção de alguns pesquisadores. Os resultados indicaram que as metodologias ativas se destacam por desafiar o ensino tradicional, buscando contribuir significativamente para a aprendizagem dos alunos. Os professores entrevistados relataram que essas metodologias promovem o protagonismo dos alunos, tornando as aulas mais interativas e dinâmicas, porém ao relatar seu uso, não destacaram suas contribuições para a aprendizagem de conceitos matemáticos. Foi identificado também, que muitos professores compreendem erroneamente o significado de uma metodologia de ensino, em especial as consideradas ativas, tratando-as mais como um recurso para o ensino do que como uma organização do ensino. Além disso, eles relataram que se familiarizam com essas metodologias devido à exigência de concursos públicos, em que são frequentemente abordadas e nas formações continuadas ofertadas pelas suas instituições, as quais eles consideram vagas e sem aprofundamento, o que não dá apoio suficiente para seu uso em sala de aula, e com isso, a metodologia expositiva ainda predomina entre os professores participantes. Conclui-se, portanto que, embora os documentos oficiais vigentes, como a BNCC que é uma normativa e que exige o uso de metodologias e estratégias didático-pedagógicas diversificadas em sala de aula, bem como, as orientações do livro didático, manual do professor, também abordarem o uso de metodologias ativas, os professores participantes deste estudo não as conhecem efetivamente e raramente fazem uso em suas aulas. 

Biografia do Autor

Ingryd de Oliveira Barbosa, Universidade Federal da Grande Dourados

Licencianda em Matemática pela Universidade Federal da Grande Dourados

Adriana Fátima de Souza Miola, Universidade Federal da Grande Dourados

Doutora em Educação Matemática pelo Programa de Pós-Graduação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS com Doutorado Sanduíche na Universidade de Lisboa sob a Orientação do Prof. Dr. João Pedro da Ponte, Mestrado em Educação Matemática e Especialização em Mídias na Educação pela mesma instituição. Graduação em Licenciatura Plena em Matemática pela Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD. Atualmente é Docente do curso de Licenciatura em Matemática, professora permanente e vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Matemática da Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologias (FACET) na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). É editora chefe da Revista em Educação Matemática TANGRAM (Qualis A3). Foi Vice-Coordenadora do curso de Licenciatura em Matemática. Coordenou o subprojeto de matemática do Programa Residência Pedagógica-PRP/UFGD. Tem experiência como Professora do Ensino Fundamental, Médio na rede pública e privada. Coordenou a Especialização em Educação Matemática e Ensino de Ciências. Atuou como professora formadora e tutora nos cursos de graduação, pós-graduação e na capacitação de professores na EaD da UFGD. Participou como avaliador do PNLD 2021 e 2022. É pesquisadora integrante do grupo de trabalho - Formação de professores que ensinam Matemática GT7 - SBEM e do Grupo de Pesquisa Formação e Educação Matemática - FORMEM/UFMS. É líder do Grupo de Pesquisa Educação Matemática, Colaboração e Contemporaneidade (GPEMATCC/UFGD).

Referências

BACICH, Lilian; MORAN, José. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Penso Editora, 2017.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Traduzido por Luís Antero Reto, Augusto Pinheiro. São Paulo: Edições 70, 2011.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 14 Jun. 2024.

DIESEL, Aline; BALDEZ, Alda Leila Santos; MARTINS, Silvana Neumann. Os princípios das metodologias ativas de ensino: uma abordagem teórica. Revista Thema, v. 14, n. 1, p. 268-288, 2017. Disponível em: https://periodicos.ifsul.edu.br/index.php/thema/article/view/404. Acesso em: 14 jun. 2024.

PAIVA, Ferreira; RÚBYA, Marlla; PARENTE, Feijão; BRANDÃO, Israel Rocha; QUEIROZ, Ana Helena Bomfim. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem: revisão integrativa. SANARE-Revista de Políticas Públicas, v. 15, n. 2, 2016. Disponível em: https://sanare.emnuvens.com.br/sanare/article/view/1049. Acesso em: 14 jun. 2024.

Publicado
2024-12-12
Seção
Resumo Expandido – Pôster - XVIII SESEMAT - 2024